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Assessor de Saddam é condenado à morte
Tareq Aziz, cristão que era braço direito do ex-ditador iraquiano, deve ser enforcado por crimes contra xiitas
Advogados podem recorrer; Vaticano quer interceder junto ao governo de Bagdá para tentar reverter sentença
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O ex-chanceler e braço direito de Saddam Hussein, Tareq Aziz, foi condenado à
morte ontem por enforcamento por crimes cometidos
contra membros dos partidos
políticos xiitas que hoje dominam o Iraque.
Os advogados de Aziz, um
político católico que foi a face
externa do regime de Saddam até a queda do ditador,
em 2003, têm agora 30 dias
para recorrer da sentença.
Se confirmada, a pena terá
de ser submetida ao presidente da República, o curdo
Jalal Talabani, que já chancelou várias execuções de
membros do antigo regime
-entre as quais a do próprio
Saddam, em 2006, e a do general conhecido como "Ali
Químico", em janeiro último.
A sentença em primeira
instância foi anunciada por
um tribunal especial criado
para julgar os membros do
antigo regime que os EUA
prenderam e entregaram ao
governo iraquiano.
O tribunal considerou
Aziz, 74, culpado de assassinato premeditado e crimes
contra a humanidade que incluem perseguição e eliminação sistemática de líderes e
partidos xiitas.
O sunita Saddam só tolerava a existência de seu próprio
partido, o secular Baath, do
qual Aziz era um alto quadro.
Aziz já cumpria pena de 15
anos de prisão pelo assassinato, em 1992, de 42 comerciantes de Bagdá acusados
de driblar o controle de preços durante a primeira guerra do Golfo (1991).
Advogados de Aziz dizem
que os juízes atropelaram o
direito de defesa e agiram por
desejo de vingança.
Os defensores também
acusam o governo iraquiano
de tentar desviar a atenção
das recentes denúncias do site WikiLeaks, que acusam
Bagdá de praticar execuções
arbitrárias e tortura de suspeitos de participar da insurgência armada.
Aziz, que sofre de problemas cardíacos, se entregou
dias após a invasão liderada
pelos EUA que culminou
com a tomada de Bagdá. Embora sob custódia do Iraque,
ele permanece, por razões de
segurança, numa base militar americana situada na capital iraquiana.
Aziz era conhecido nos círculos diplomáticos pelo inglês fluente e por transitar
com facilidade no Vaticano.
A Santa Sé anunciou ontem que atuará junto ao governo do Iraque para tentar
reverter a sentença.
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