São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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Assessor de Saddam é condenado à morte

Tareq Aziz, cristão que era braço direito do ex-ditador iraquiano, deve ser enforcado por crimes contra xiitas

Advogados podem recorrer; Vaticano quer interceder junto ao governo de Bagdá para tentar reverter sentença

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ex-chanceler e braço direito de Saddam Hussein, Tareq Aziz, foi condenado à morte ontem por enforcamento por crimes cometidos contra membros dos partidos políticos xiitas que hoje dominam o Iraque.
Os advogados de Aziz, um político católico que foi a face externa do regime de Saddam até a queda do ditador, em 2003, têm agora 30 dias para recorrer da sentença.
Se confirmada, a pena terá de ser submetida ao presidente da República, o curdo Jalal Talabani, que já chancelou várias execuções de membros do antigo regime -entre as quais a do próprio Saddam, em 2006, e a do general conhecido como "Ali Químico", em janeiro último.
A sentença em primeira instância foi anunciada por um tribunal especial criado para julgar os membros do antigo regime que os EUA prenderam e entregaram ao governo iraquiano.
O tribunal considerou Aziz, 74, culpado de assassinato premeditado e crimes contra a humanidade que incluem perseguição e eliminação sistemática de líderes e partidos xiitas.
O sunita Saddam só tolerava a existência de seu próprio partido, o secular Baath, do qual Aziz era um alto quadro.
Aziz já cumpria pena de 15 anos de prisão pelo assassinato, em 1992, de 42 comerciantes de Bagdá acusados de driblar o controle de preços durante a primeira guerra do Golfo (1991).
Advogados de Aziz dizem que os juízes atropelaram o direito de defesa e agiram por desejo de vingança.
Os defensores também acusam o governo iraquiano de tentar desviar a atenção das recentes denúncias do site WikiLeaks, que acusam Bagdá de praticar execuções arbitrárias e tortura de suspeitos de participar da insurgência armada.
Aziz, que sofre de problemas cardíacos, se entregou dias após a invasão liderada pelos EUA que culminou com a tomada de Bagdá. Embora sob custódia do Iraque, ele permanece, por razões de segurança, numa base militar americana situada na capital iraquiana.
Aziz era conhecido nos círculos diplomáticos pelo inglês fluente e por transitar com facilidade no Vaticano.
A Santa Sé anunciou ontem que atuará junto ao governo do Iraque para tentar reverter a sentença.


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