São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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Europa fecha acordo vago de capitalização de bancos

Instituições precisarão de € 106 bilhões, mas ajuda pública não foi definida

Setor bancário mantém rejeição a perda maior com títulos da Grécia; líderes advertem para riscos de calote total

Thomas Peter/Reuters
Angela Merkel ouve discurso na Câmara Baixa alemã

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os líderes europeus chegaram ontem a um acordo sobre o projeto de recapitalização dos bancos, mas até a conclusão desta edição não haviam fechado os pontos mais importantes do novo pacote de resgate da região.
O bloco deve buscar ainda hoje ajuda da China para que financie o fundo de resgate aos países em dificuldade.
Pelo acordo entre os 27 países, os bancos terão de elevar o capital próprio (indicador que mede sua saúde financeira, como a capacidade de emprestar e de resistir a choques) para 9% dos ativos até junho de 2012. Nos mais recentes testes de estresse dos bancos, exigiam-se 5%.
Pelos cálculos da Autoridade Bancária Europeia, os bancos terão que se capitalizar em € 106 bilhões.
O documento divulgado pelos líderes, porém, é vago sobre como as instituições vão conseguir essa capitalização. Ainda que abra a possibilidade de dinheiro público ser usado, não estabelece o montante disponível.
Além disso, os chefes de Estado, reunidos em Bruxelas, ainda não tinham conseguido consenso até o fechamento desta edição sobre os demais pontos debatidos.
Um deles (o mais polêmico) é o tamanho do desconto que os bancos vão ter que aceitar dos títulos gregos.
Pelas propostas debatidas, o valor teria que ser reduzido pela metade, o que os bancos diziam que não vão aceitar.
Com essa medida, a dívida grega, que deve chegar a 186% do PIB em 2013, poderia ser reduzida para 120% do PIB até o fim desta década.
Para tentar convencer os bancos, a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, se reuniram ontem com representantes do setor.
Segundo fontes ouvidas pela Dow Jones, Merkel e Sarkozy disseram a Charles Dallara, presidente do IIF (grupo que reúne mais de 450 bancos globais), que os bancos terão de aceitar um corte de 50% ou mais no valor de face dos papéis -ou correrão o risco de um calote total.
Por volta da 0h de hoje (horário de Brasília), participantes da reunião de líderes diziam estar "perto de um acordo" para que os bancos aceitem o desconto de 50%.

VOTAÇÃO ALEMÃ
Antes de ir a Bruxelas, Merkel obteve vitória no Parlamento alemão sobre o aumento do tamanho do Fundo Europeu de Estabilização Financeira. Mas, na reunião dos líderes do bloco, também não havia consenso sobre ele.
O montante do fundo deve passar de € 440 bilhões para € 1 trilhão, mas o valor final só seria definido após o acerto com os bancos sobre a Grécia. Também havia dúvidas sobre a participação privada.


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