São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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Pesquisas apontam vitória de Correa no 2º turno do Equador

Esquerdista teve cerca de 14 pontos a mais que o conservador Noboa; resultado amplia a influência de Chávez na região

Economista afirma que "a esperança venceu"; rival não reconhece números desfavoráveis e afirma que pretende pedir recontagem

DA REDAÇÃO

O economista de esquerda Rafael Correa, 43, aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, venceu ontem o segundo turno das eleições presidenciais no Equador, segundo pesquisas de boca-de-urna e uma contagem rápida, que apontaram vantagem média de 14 pontos sobre o conservador Álvaro Noboa.
Levantamento do instituto Cedatos com o Gallup aponta vitória de Correa por 57% a 43%, praticamente os mesmos números obtidos na contagem rápida, não oficial, feita pela organização Participação Cidadã: 56,9% a 43,1%. Boca-de-urna do instituto Market apontou vitória por 56,9% a 43,1%. O resultado oficial deve ser conhecido amanhã.
Após a divulgação dos números, Correa disse que "a esperança venceu". "Começamos a recuperar a pátria. Hoje começa uma jornada decisiva", disse. "A esperança venceu. Após muitos anos de políticas socioeconômicas excludentes, não puderam nos roubar a esperança. Vencemos."
Apesar de sua derrota ter sido apontada de forma unânime, Álvaro Noboa, o homem mais rico do país, disse desconhecer esse resultado e afirmou que vai pedir uma recontagem "voto a voto, para o bem do país". Noboa, que disputava a Presidência pela terceira vez, disse na TV: "Eu venci e vou continuar defendendo os pobres".
No sábado, observadores da Organização dos Estados Americanos haviam pedido que os candidatos não proclamassem vitória antes do resultado oficial. Correa perdera no primeiro turno, em outubro, por 26,7% a 22,8%. Na ocasião, acusou o rival de fraudar a eleição.

Vitória de Chávez
A eleição do candidato da Alianza Pais é uma vitória para o venezuelano Chávez, que pretende liderar um grupo de governos de esquerda na América Latina em oposição à influência norte-americana na região e não havia conseguido eleger aliados no Peru e no México.
Correa, ex-ministro da Fazenda, defendeu em campanha um receituário chavista, com a convocação de uma Assembléia Constituinte e o aumento da participação do Estado na indústria petrolífera, principal atividade econômica do país. Buscando capitalizar a alta rejeição dos políticos, seu partido não lançou nenhum candidato ao Congresso.
O esquerdista também pregou contra o acordo de livre comércio com os Estados Unidos e contra a presença de uma base militar americana.
O "rei da banana" Noboa, 56, por sua vez, prometia uma aproximação com os EUA. Dizendo-se um "enviado de Deus", o candidato do Partido Renovador Institucional Ação Nacional fez uma campanha populista, com distribuição de dinheiro, cadeiras de rodas e computadores.
Analistas políticos afirmam que o partido de Noboa, que obteve 28 das cem cadeiras do Congresso em outubro, deve formar uma aliança para obter maioria no Congresso, o que deve dificultar as reformas prometidas por Correa.
A política equatoriana é marcada pela instabilidade. Nos últimos dez anos, três presidentes foram forçados a deixar o cargo, e, desde 1979, só três terminaram seus mandatos.


Com agências internacionais


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