São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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Atentados matam ao menos 86 na maior cidade da Índia

Ataques coordenados atingem nove pontos de Mumbai; estrangeiros são reféns

Polícia prende 9 suspeitos e mata 4, mas não domina terroristas; segundo dados iniciais, brasileiros na cidade estão bem, diz diplomata

Efe
Indianos observam carro-bomba usado em ataque coordenado em Mumbai, maior cidade do país; ao menos nove locais foram alvo

DA REDAÇÃO

Ataques coordenados mataram ontem pelo menos 86 pessoas, entre elas 11 policiais, e feriram mais de 250 em Mumbai (antiga Bombaim), provocando pânico na capital financeira da Índia. Hóspedes foram tomados reféns em dois hotéis de luxo alvejados por terroristas, que abriram fogo em sete pontos da maior cidade do país, incluindo um hospital e uma estação de trem.
Outros locais foram atacados com explosivos, totalizando pelo menos nove alvos. Até a noite de ontem (madrugada de hoje na Índia), a situação ainda não estava sob controle. "Estamos tentando chegar aos terroristas escondidos nos dois hotéis", disse Vilasrao Deshmukh, governador do Estado de Maharashtra, onde fica Mumbai. Nove terroristas foram presos, e quatro, mortos, afirmaram autoridades locais.
Até a madrugada de ontem, continuava o cerco aos hotéis Oberoi e Taj Mahal Palace. "Os terroristas estão atirando granadas do telhado do Taj para tentar impedir nossa entrada", disse o inspetor de polícia Ashok Patil à Reuters. Os explosivos alastraram o incêndio no hotel cinco estrelas, um dos mais luxuosos da Índia.
Um grupo obscuro, os Mujahedin do Deccan [planalto no sul da Índia], enviou e-mails à imprensa reivindicando a autoria dos ataques. A Índia sofreu uma série de atentados nos últimos anos, executados por radicais islâmicos e extremistas hindus. Em 2006, explosões em série mataram cerca de 200 pessoas em Mumbai.
A polícia não divulgou informações sobre possíveis motivações dos atentados. Os ataques coincidem com eleições regionais na Caxemira indiana, região de maioria muçulmana que abriga grupos separatistas.
A série de ataques expôs a fragilidade do serviço de inteligência indiano, quase sempre surpreendido pelos terroristas. Entre os mortos estão 11 policiais, entre eles o chefe do esquadrão antiterrorismo, Hemant Karkare.

Hotel em chamas
Os criminosos provocaram incêndio na recepção dos hotéis Oberoi e Taj Mahal. A TV indiana exibiu imagens dos hóspedes sendo retirados com as mãos na cabeça, em meio à incerteza sobre onde estavam os terroristas. Feridos deixavam o Taj Mahal em carros de bagagem, em meio ao fogo.
O britânico Sajjad Karim, integrante de uma delegação da União Européia que estava hospedada no Taj Mahal, contou a agências de notícias que homens entraram atirando aleatoriamente. "Eu consegui correr para a cozinha do hotel", disse o eurodeputado, que se trancou outros hóspedes no subsolo. Segundo o Parlamento europeu, os oito eurodeputados da delegação estão bem.
A ação do Exército, que acuou os criminosos no alto do prédio, permitiu a saída de pelo menos cinqüentas hospedes inicialmente retidos. Mas as granadas atiradas para repelir os miliares provocaram novo incêndio, no alto do Taj Mahal.

Estrangeiros são alvo
"Acho que [os terroristas] procuravam estrangeiros, porque pediam passaportes americanos ou britânicos", disse Rakesh Patel, que testemunhou o ataque ao hotel Taj Mahal. Outras testemunhas fizeram a mesma afirmação. O restaurante Leopold, freqüentado sobretudo por turistas, também foi alvo. Segundo a CNN, há estrangeiros entre as 78 vítimas.
"O pânico é geral. Os ataques ainda não acabaram, e a recomendação é que todos fiquem onde estão", disse o cônsul-geral do Brasil, Paulo Antônio Pereira Pinto, que falou com a Folha por telefone ontem à noite.
"Quando os atentados começaram, os celulares foram desligados, pois geralmente as bombas são acionadas por celular." Por isso, explicou, não foi possível entrar em contato com todos os brasileiros que vivem na cidade, mas informações iniciais indicam que estejam bem.
Não há registro de que turistas brasileiros tenham sido feridos nos atentados, condenados em nota emitida pelo Itamaraty.


Com agências internacionais


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