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Atentados matam ao menos 86 na maior cidade da Índia
Ataques coordenados atingem nove pontos de Mumbai; estrangeiros são reféns
Polícia prende 9 suspeitos e
mata 4, mas não domina
terroristas; segundo dados
iniciais, brasileiros na cidade
estão bem, diz diplomata
Efe
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Indianos observam carro-bomba usado em ataque coordenado em Mumbai, maior cidade do país; ao menos nove locais foram alvo
DA REDAÇÃO
Ataques coordenados mataram ontem pelo menos 86 pessoas, entre elas 11 policiais, e feriram mais de 250 em Mumbai
(antiga Bombaim), provocando
pânico na capital financeira da
Índia. Hóspedes foram tomados reféns em dois hotéis de luxo alvejados por terroristas,
que abriram fogo em sete pontos da maior cidade do país, incluindo um hospital e uma estação de trem.
Outros locais foram atacados
com explosivos, totalizando pelo menos nove alvos. Até a noite
de ontem (madrugada de hoje
na Índia), a situação ainda não
estava sob controle. "Estamos
tentando chegar aos terroristas
escondidos nos dois hotéis",
disse Vilasrao Deshmukh, governador do Estado de Maharashtra, onde fica Mumbai. Nove terroristas foram presos, e
quatro, mortos, afirmaram autoridades locais.
Até a madrugada de ontem,
continuava o cerco aos hotéis
Oberoi e Taj Mahal Palace. "Os
terroristas estão atirando granadas do telhado do Taj para
tentar impedir nossa entrada",
disse o inspetor de polícia Ashok Patil à Reuters. Os explosivos alastraram o incêndio no
hotel cinco estrelas, um dos
mais luxuosos da Índia.
Um grupo obscuro, os Mujahedin do Deccan [planalto no
sul da Índia], enviou e-mails à
imprensa reivindicando a autoria dos ataques. A Índia sofreu
uma série de atentados nos últimos anos, executados por radicais islâmicos e extremistas
hindus. Em 2006, explosões
em série mataram cerca de 200
pessoas em Mumbai.
A polícia não divulgou informações sobre possíveis motivações dos atentados. Os ataques
coincidem com eleições regionais na Caxemira indiana, região de maioria muçulmana
que abriga grupos separatistas.
A série de ataques expôs a
fragilidade do serviço de inteligência indiano, quase sempre
surpreendido pelos terroristas.
Entre os mortos estão 11 policiais, entre eles o chefe do esquadrão antiterrorismo, Hemant Karkare.
Hotel em chamas
Os criminosos provocaram
incêndio na recepção dos hotéis Oberoi e Taj Mahal. A TV
indiana exibiu imagens dos
hóspedes sendo retirados com
as mãos na cabeça, em meio à
incerteza sobre onde estavam
os terroristas. Feridos deixavam o Taj Mahal em carros de
bagagem, em meio ao fogo.
O britânico Sajjad Karim, integrante de uma delegação da
União Européia que estava
hospedada no Taj Mahal, contou a agências de notícias que
homens entraram atirando
aleatoriamente. "Eu consegui
correr para a cozinha do hotel",
disse o eurodeputado, que se
trancou outros hóspedes no
subsolo. Segundo o Parlamento
europeu, os oito eurodeputados da delegação estão bem.
A ação do Exército, que
acuou os criminosos no alto do
prédio, permitiu a saída de pelo
menos cinqüentas hospedes
inicialmente retidos. Mas as
granadas atiradas para repelir
os miliares provocaram novo
incêndio, no alto do Taj Mahal.
Estrangeiros são alvo
"Acho que [os terroristas]
procuravam estrangeiros, porque pediam passaportes americanos ou britânicos", disse Rakesh Patel, que testemunhou o
ataque ao hotel Taj Mahal. Outras testemunhas fizeram a
mesma afirmação. O restaurante Leopold, freqüentado sobretudo por turistas, também
foi alvo. Segundo a CNN, há estrangeiros entre as 78 vítimas.
"O pânico é geral. Os ataques
ainda não acabaram, e a recomendação é que todos fiquem
onde estão", disse o cônsul-geral do Brasil, Paulo Antônio Pereira Pinto, que falou com a Folha por telefone ontem à noite.
"Quando os atentados começaram, os celulares foram desligados, pois geralmente as bombas são acionadas por celular."
Por isso, explicou, não foi possível entrar em contato com todos os brasileiros que vivem na
cidade, mas informações iniciais indicam que estejam bem.
Não há registro de que turistas brasileiros tenham sido feridos nos atentados, condenados em nota emitida pelo Itamaraty.
Com agências internacionais
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