São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Colonos desafiam governo israelense

Moradores de assentamentos judaicos na Cisjordânia prometem acelerar novas construções ao invés de congelá-las

Líderes assentados criticam decisão de premiê de Israel; presidente Lula defende inclusão do grupo radical Hamas nas conversas de paz


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Apesar do anúncio do governo israelense de que irá congelar por dez meses a construção de novas casas na Cisjordânia, num esforço para reavivar o processo de paz, os canteiros de obras não deverão ficar parados nem por um dia nos territórios palestinos ocupados.
Revoltados com a decisão e temerosos de que o congelamento possa se perpetuar por pressão externa, o movimento dos colonos judeus na Cisjordânia pretende não só acelerar a construção de 3.000 unidades habitacionais já aprovadas, mas dar início a novos projetos.
Num desafio frontal ao anúncio feito anteontem pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, a liderança dos colonos decidiu ontem que continuará a ampliar os assentamentos na Cisjordânia, com ou sem permissão do governo.
"O congelamento da construção é um passo imoral, antijudeu e antissionista, que acelera a criação de um Estado palestino e representa um risco existencial ao Estado de Israel", afirmou ao jornal "Yediot Aharonot" o Conselho da Judeia e Samaria (nomes bíblicos da Cisjordânia).
Cerca de 300 mil colonos judeus vivem em mais de cem assentamentos na Cisjordânia, território ocupado por Israel em 1967 e reivindicado pelos palestinos para ser parte de seu futuro Estado independente.
O ministro da Defesa, Ehud Barak, orientou ontem o Exército a se preparar para fiscalizar o congelamento das colônias.
Barak advertiu que a retomada das conversas de paz não deve ser imediata, pois depende de um plano de ação a ser apresentado pela Casa Branca.
Irritada, a Autoridade Nacional Palestina diz que o alcance limitado do congelamento e a decisão de manter a construção em Jerusalém Oriental indicam a falta de seriedade de Israel em alcançar um acordo.
Por enquanto, as reações foram favoráveis a Israel. Depois dos EUA, ontem foi a vez de França e Alemanha classificarem o plano de Netanyahu como um passo positivo para tirar o processo de paz do impasse.
Incentivado pela rara onda de simpatia, o ultraconservador chanceler israelense, Avigdor Liberman, desdenhou a resistência palestina. "A última coisa que nos interessa é o que preocupa os palestinos", disse o ministro a uma rádio local.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que busca atuar como mediador de paz no Oriente Médio, disse ontem à agência Efe que uma solução para o conflito israelo-palestino só pode ser alcançada se houver conversas com todos os envolvidos, incluindo o grupo radical Hamas.


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