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Colonos desafiam governo israelense
Moradores de assentamentos judaicos na Cisjordânia prometem acelerar novas construções ao invés de congelá-las
Líderes assentados criticam
decisão de premiê de Israel;
presidente Lula defende
inclusão do grupo radical
Hamas nas conversas de paz
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Apesar do anúncio do governo israelense de que irá congelar por dez meses a construção
de novas casas na Cisjordânia,
num esforço para reavivar o
processo de paz, os canteiros de
obras não deverão ficar parados nem por um dia nos territórios palestinos ocupados.
Revoltados com a decisão e
temerosos de que o congelamento possa se perpetuar por
pressão externa, o movimento
dos colonos judeus na Cisjordânia pretende não só acelerar
a construção de 3.000 unidades
habitacionais já aprovadas,
mas dar início a novos projetos.
Num desafio frontal ao anúncio feito anteontem pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, a liderança dos colonos decidiu ontem que continuará a ampliar os assentamentos na Cisjordânia, com ou
sem permissão do governo.
"O congelamento da construção é um passo imoral, antijudeu e antissionista, que acelera a criação de um Estado palestino e representa um risco
existencial ao Estado de Israel", afirmou ao jornal "Yediot
Aharonot" o Conselho da Judeia e Samaria (nomes bíblicos
da Cisjordânia).
Cerca de 300 mil colonos judeus vivem em mais de cem assentamentos na Cisjordânia,
território ocupado por Israel
em 1967 e reivindicado pelos
palestinos para ser parte de seu
futuro Estado independente.
O ministro da Defesa, Ehud
Barak, orientou ontem o Exército a se preparar para fiscalizar
o congelamento das colônias.
Barak advertiu que a retomada das conversas de paz não deve ser imediata, pois depende
de um plano de ação a ser apresentado pela Casa Branca.
Irritada, a Autoridade Nacional Palestina diz que o alcance
limitado do congelamento e a
decisão de manter a construção
em Jerusalém Oriental indicam a falta de seriedade de Israel em alcançar um acordo.
Por enquanto, as reações foram favoráveis a Israel. Depois
dos EUA, ontem foi a vez de
França e Alemanha classificarem o plano de Netanyahu como um passo positivo para tirar
o processo de paz do impasse.
Incentivado pela rara onda
de simpatia, o ultraconservador chanceler israelense, Avigdor Liberman, desdenhou a resistência palestina. "A última
coisa que nos interessa é o que
preocupa os palestinos", disse o
ministro a uma rádio local.
O presidente brasileiro Luiz
Inácio Lula da Silva, que busca
atuar como mediador de paz no
Oriente Médio, disse ontem à
agência Efe que uma solução
para o conflito israelo-palestino só pode ser alcançada se
houver conversas com todos os
envolvidos, incluindo o grupo
radical Hamas.
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