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ÁSIA
Chefe da Agência Internacional de Energia Atômica diz que reator reativado poderia ser usado para produzir armas nucleares
Decisão norte-coreana é "muito preocupante", diz ONU
DA REDAÇÃO
Mohamed el Baradei, chefe da
Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), que pertence ao
sistema da ONU, disse ontem que
a decisão da administração norte-coreana de reativar instalações
nucleares é "muito preocupante".
A agência comandada por ele
informou que Pyongyang tinha
colocado mil barras de combustível irradiado num reator nuclear
do complexo de Yongbyon. Ele
pode receber até 8.000 barras.
"Nossa grande preocupação é que eles [os norte-coreanos] coloquem em funcionamento a usina que produz plutônio, que poderia
ser usada para produzir armas nucleares. E nós não temos como
verificar a natureza da atividade que será realizada pelo reator",
declarou El Baradei à CNN. "A situação é muito preocupante."
Há alguns dias, o governo da
Coréia do Norte desafiou a AIEA,
removendo as câmeras da ONU
que monitoravam seu principal
complexo nuclear. Este se situa
em Yongbyon, a 80 km de Pyongyang, a capital. As câmeras monitoravam essas instalações norte-coreanas desde 1994.
"Buscar reativar instalações nucleares sem as precauções necessárias e tentar produzir plutônio são atos que geram sérias preocupações com a possível proliferação de armas atômicas. Isso equivale a uma chantagem nuclear",
disse El Baradei em nota oficial.
O presidente da Coréia do Sul,
Kim Dae-jung, disse a seus ministros das Relações Exteriores e da
Segurança Pública que eles deveriam tentar dialogar com os norte-coreanos por meio dos canais
diplomáticos já existentes.
Kim também os instruiu a trabalhar ao lado dos EUA, do Japão
e de outros países da região para
aliviar a tensão criada pela decisão norte-coreana de reativar parte de suas capacidades nucleares.
Kim é favorável a uma política
construtiva em relação à Coréia
do Norte (diferentemente dos
EUA, que privilegiam uma linha
mais severa). Ele não revelou as
ações específicas que seu governo
deverá tomar, mas disse que pretende fazer uso dos canais abertos
no recente processo de reaproximação entre as duas Coréias, do
qual foi o maior articulador.
Para a administração americana, a atitude norte-coreana pode
ser um blefe para tentar forçar
Washington a retomar negociações com Pyongyang. O Departamento de Estado chegou até a dizer que os norte-coreanos buscam atualmente aumentar seu
poder de barganha em futuras negociações com os EUA.
Segundo um funcionário do governo dos EUA, que não quis
identificar-se, Pyongyang faz uma
"espécie de strip-tease", revelando pouco a pouco suas intenções
para atrair os EUA à mesa de negociações. Mas Washington quer
ter uma atitude multilateralista
em relação a Pyongyang, trabalhando ao lado dos países da região, segundo Richard Lugar, o
novo presidente da Comissão de
Relações Exteriores do Senado.
O premiê do Japão, Junichiro
Koizumi, afirmou que a Coréia do
Norte não deve subestimar a possível reação da comunidade internacional e chamou de "provocação" a decisão de Pyongyang de
reativar um reator nuclear.
Paris e Berlim também criticaram o governo norte-coreano. Este se defendeu, dizendo que não
pretende construir armas nucleares, pois quer manter sua "posição pacífica e antinuclear".
Com agências internacionais
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