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ONU discute Somália em reunião de emergência
Tropas etíopes aliadas a governo interino avançam para a capital, tomada por milícia
Enviado da organização pede suspensão imediata dos conflitos, que já teriam matado mil; líder islâmico ameaça expandir a guerra
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança da
ONU realizou ontem uma reunião de emergência para discutir os combates travados na Somália entre as forças do governo interino e da Etiópia contra
as Cortes Islâmicas -milícias
que controlam a capital, Mogadício, e a maior parte do país.
François Lonseny Fall, enviado especial da organização à
Somália, recomendou ao CS a
suspensão imediata do conflito
sob o risco de ele se ampliar e
desestabilizar a região.
Dirigindo-se ao CS, Fall disse
que a continuidade do conflito
"seria desastrosa para o povo
da Somália e teria sérias conseqüências para toda a região".
O enviado afirmou que os
soldados etíopes já estão a cerca de 70 km da capital e podem
tomá-la entre 24 e 48 horas.
Segundo o primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi,
há relatos não confirmados de
que o número de mortos chega
a mil, enquanto os feridos já são
3.000. "Alguns são somalis,
mas uma proporção muito
grande não é de somalis", disse
Zenawi, referindo-se a radicais
islâmicos de outros países que
se juntaram aos combates.
Zenawi disse que suas forças,
que invadiram a Somália no último sábado, completaram metade de sua missão e "quebraram a espinha" das milícias.
"Assim que tivermos completado nossa missão -metade
dela já foi, e o resto não levará
muito tempo-, sairemos." Segundo o primeiro-ministro, há
entre 3.000 e 4.000 soldados
etíopes no país.
Já o xeque Sharif Ahmed, líder das Cortes Islâmicas, afirmou ontem que "a guerra está
entrando em uma nova fase.
Lutaremos contra a Etiópia por
muito, muito tempo e esperamos levar a guerra a toda parte". "A luta nunca terminará e
alcançará outros países e outras cidades", completou.
Ahmed também acusou os
etíopes de massacrarem 50 civis em Cadado (centro).
Outros líderes islâmicos
ameaçaram lançar mão de táticas de guerrilha, que incluiria
ataques suicidas em Adis Abeba, capital da Etiópia.
A ofensiva tem apoio dos
EUA, que pede ao governo etíope "contenção máxima", segundo afirmou o porta-voz do
Departamento de Estado, Gonzo Gallegos. A União Africana
também reconheceu o direito
da Etiópia de invadir a Somália.
Anteontem, jatos etíopes haviam bombardeado os aeroportos de Mogadício e Baledogle e,
no domingo, destruído um centro de recrutamento para militantes islâmicos.
Embargo
No último dia 6, o CS havia
autorizado forças africanas a
proteger o governo interino somali do crescente poder das
milícias islâmicas -o que acabou não ocorrendo.
A resolução do CS, patrocinada pelos EUA, também apresentou um embargo contra a
venda de armas ao país, exigiu
das milícias a suspensão de toda expansão militar e, além disso, uma negociação com o governo interino.
A Somália, muçulmana, e a
Etiópia, cristã, mantiveram
confrontos sangrentos por vários anos. Entre 1977 e em 1978,
forças somalis tentaram conquistar uma área de fronteira,
mas acabaram derrotadas.
Mais de 62% dos 9 milhões
de somalis são analfabetos, e a
expectativa de vida é de apenas
48 anos. Seus indicadores sociais são piores que os etíopes.
Com agências internacionais
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