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Incêndio em oleoduto saqueado mata mais de 260 na Nigéria
Após o arrombamento, feito por ladrões profissionais, centenas de pessoas tentaram roubar combustível; a razão do início do fogo ainda é desconhecida
DA REDAÇÃO
Pelo menos 269 pessoas
morreram ontem em Lagos, na
Nigéria, quando um vazamento
em um oleoduto que continha
gasolina provocou um incêndio
no momento em que funcionários coletavam combustível.
Segundo a Cruz Vermelha, havia ao menos 60 feridos. Centenas de corpos podiam ser vistos
amontoados no meio das chamas. O resgate foi prejudicado
pela dificuldade em conter o fogo e pela fumaça que se alastrou pelo bairro de Abule Egba.
Testemunhas afirmaram que
ladrões profissionais arrombaram o oleoduto após a meia-noite para roubar gasolina.
Aproveitando-se do fácil acesso
ao combustível, centenas de
homens, mulheres e crianças
correram para encher latas, sacolas e vasilhames de plástico.
Segundo o engenheiro Emmanuel Unokhua, que vive nas
proximidades do local, ninguém foi preso porque a polícia
não tinha veículos disponíveis.
"Mas agora há vários carros para colocar os corpos", disse.
Unokhua afirmou também que
as pessoas derramaram combustível sobre ele e sobre policiais que tentavam conter a
multidão. Ainda não se sabia o
que havia inflamado a gasolina.
"Foi uma tragédia que poderia ter sido evitada", disse o advogado Joel Ogundere, cuja casa se localiza próxima ao local
da explosão. "Foi causada pela
pobreza, pela ignorância e pela
ganância", afirmou.
O representante sênior da
Cruz Vermelha Ige Oladimeji
disse que os corpos, espalhados
pelo chão, só poderiam ser reconhecidos pelas ossadas.
"Como pode haver pessoas
tão pobres que arriscam suas
vidas por uma coisa tão pequena? Enquanto isso, todos os
dias há navios saindo daqui carregados de petróleo rumo a
América", disse o universitário
Bode Kuforiji.
Freqüência
Roubo de combustível é uma
prática comum na Nigéria, onde boa parte dos 130 milhões de
habitantes é miserável. Em
maio, mais de 150 pessoas morreram em uma explosão similar, também em Lagos. Em
1998, outro incidente deixou
cerca de 1.500 mortos.
A Nigéria é a maior produtora de combustível da África,
mas a corrupção, a má administração e uma limitada capacidade de refino deixam-na com
reservas insuficientes.
Com agências internacionais
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