São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

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Incêndio em oleoduto saqueado mata mais de 260 na Nigéria

Após o arrombamento, feito por ladrões profissionais, centenas de pessoas tentaram roubar combustível; a razão do início do fogo ainda é desconhecida

DA REDAÇÃO

Pelo menos 269 pessoas morreram ontem em Lagos, na Nigéria, quando um vazamento em um oleoduto que continha gasolina provocou um incêndio no momento em que funcionários coletavam combustível. Segundo a Cruz Vermelha, havia ao menos 60 feridos. Centenas de corpos podiam ser vistos amontoados no meio das chamas. O resgate foi prejudicado pela dificuldade em conter o fogo e pela fumaça que se alastrou pelo bairro de Abule Egba.
Testemunhas afirmaram que ladrões profissionais arrombaram o oleoduto após a meia-noite para roubar gasolina. Aproveitando-se do fácil acesso ao combustível, centenas de homens, mulheres e crianças correram para encher latas, sacolas e vasilhames de plástico.
Segundo o engenheiro Emmanuel Unokhua, que vive nas proximidades do local, ninguém foi preso porque a polícia não tinha veículos disponíveis. "Mas agora há vários carros para colocar os corpos", disse. Unokhua afirmou também que as pessoas derramaram combustível sobre ele e sobre policiais que tentavam conter a multidão. Ainda não se sabia o que havia inflamado a gasolina.
"Foi uma tragédia que poderia ter sido evitada", disse o advogado Joel Ogundere, cuja casa se localiza próxima ao local da explosão. "Foi causada pela pobreza, pela ignorância e pela ganância", afirmou.
O representante sênior da Cruz Vermelha Ige Oladimeji disse que os corpos, espalhados pelo chão, só poderiam ser reconhecidos pelas ossadas.
"Como pode haver pessoas tão pobres que arriscam suas vidas por uma coisa tão pequena? Enquanto isso, todos os dias há navios saindo daqui carregados de petróleo rumo a América", disse o universitário Bode Kuforiji.

Freqüência
Roubo de combustível é uma prática comum na Nigéria, onde boa parte dos 130 milhões de habitantes é miserável. Em maio, mais de 150 pessoas morreram em uma explosão similar, também em Lagos. Em 1998, outro incidente deixou cerca de 1.500 mortos.
A Nigéria é a maior produtora de combustível da África, mas a corrupção, a má administração e uma limitada capacidade de refino deixam-na com reservas insuficientes.


Com agências internacionais


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