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Chade condena réus do caso "órfãos de Darfur"
Seis franceses pegam 8 anos de trabalhos forçados
DA REDAÇÃO
A Corte Criminal de Ndjamena, no Chade, condenou ontem
a oito anos de trabalhos forçados seis franceses da associação
Arca de Zoé, que em outubro
último tentaram levar 103
crianças locais para a França
sob a alegação de que eram órfãos de Darfur. Autoridades
chadianas dizem que a Arca de
Zoé não tinha permissão para
levar as crianças e que elas não
eram órfãs nem provenientes
do Sudão -como constatou
uma equipe da ONU.
O procurador chadiano Beassum Ben Ngassoro acusou os
franceses de "tentativa de seqüestro de crianças com o objetivo de comprometer seu estado civil, falsificação e uso de documentos falsos em escrituras
públicas e gastos não pagos".
Ele havia pedido penas entre
sete e 11 anos de trabalhos forçados. Não foi feita nenhuma
distinção de graus de responsabilidade entre os seis réus.
O grupo, liderado pelo presidente da Arca de Zoé, Eric Bretau, foi preso em 25 de outubro.
Três chadianos e um sudanês
também foram presos, acusados de servir como intermediários para conseguir as crianças.
Dois chadianos foram absolvidos, e um terceiro e o sudanês
foram considerados culpados,
mas com "amplas circunstâncias atenuantes".
A corte também ordenou o
pagamento de compensações
por danos no valor de cerca de
US$ 88 mil para cada criança,
totalizando US$ 9 milhões.
Após a condenação, Christine Peligat, mulher do chefe de
logística da ONG, Alain Peligat,
expressou "sensação de injustiça, porque esse caso envolve
médicos, trabalhadores humanitários e professores, não mercenários". "Eles simplesmente
queriam salvar vidas", disse.
Os membros da Arca de Zoé
afirmam que foram enganados
por intermediários locais. Eles
dizem que foram motivados
pela compaixão pela situação
de Darfur, onde um conflito
que começou em 2003 já matou mais de 200 mil pessoas e
forçou 2,5 milhões a fugir. O
conflito opõe milícias árabes,
nômades, apoiadas pelo governo de Cartum, e rebeldes de tribos sedentárias da região. A
disputa teve origem na escassez de terras férteis.
Bretau disse ontem pela primeira vez que "lamentava o
ocorrido". Antes, ele havia afirmado que a associação não cometera crime e que os governos
da França e do Chade, além da
ONU, sabiam da operação. Todos negam envolvimento.
O Ministério das Relações
Exteriores da França informou
que pedirá a repatriação dos
condenados, que poderão cumprir penas de prisão no país devido a um acordo judicial de
1976 entre os dois governos.
Com France Presse
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