São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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Chade condena réus do caso "órfãos de Darfur"

Seis franceses pegam 8 anos de trabalhos forçados

DA REDAÇÃO

A Corte Criminal de Ndjamena, no Chade, condenou ontem a oito anos de trabalhos forçados seis franceses da associação Arca de Zoé, que em outubro último tentaram levar 103 crianças locais para a França sob a alegação de que eram órfãos de Darfur. Autoridades chadianas dizem que a Arca de Zoé não tinha permissão para levar as crianças e que elas não eram órfãs nem provenientes do Sudão -como constatou uma equipe da ONU.
O procurador chadiano Beassum Ben Ngassoro acusou os franceses de "tentativa de seqüestro de crianças com o objetivo de comprometer seu estado civil, falsificação e uso de documentos falsos em escrituras públicas e gastos não pagos". Ele havia pedido penas entre sete e 11 anos de trabalhos forçados. Não foi feita nenhuma distinção de graus de responsabilidade entre os seis réus.
O grupo, liderado pelo presidente da Arca de Zoé, Eric Bretau, foi preso em 25 de outubro. Três chadianos e um sudanês também foram presos, acusados de servir como intermediários para conseguir as crianças. Dois chadianos foram absolvidos, e um terceiro e o sudanês foram considerados culpados, mas com "amplas circunstâncias atenuantes".
A corte também ordenou o pagamento de compensações por danos no valor de cerca de US$ 88 mil para cada criança, totalizando US$ 9 milhões.
Após a condenação, Christine Peligat, mulher do chefe de logística da ONG, Alain Peligat, expressou "sensação de injustiça, porque esse caso envolve médicos, trabalhadores humanitários e professores, não mercenários". "Eles simplesmente queriam salvar vidas", disse.
Os membros da Arca de Zoé afirmam que foram enganados por intermediários locais. Eles dizem que foram motivados pela compaixão pela situação de Darfur, onde um conflito que começou em 2003 já matou mais de 200 mil pessoas e forçou 2,5 milhões a fugir. O conflito opõe milícias árabes, nômades, apoiadas pelo governo de Cartum, e rebeldes de tribos sedentárias da região. A disputa teve origem na escassez de terras férteis.
Bretau disse ontem pela primeira vez que "lamentava o ocorrido". Antes, ele havia afirmado que a associação não cometera crime e que os governos da França e do Chade, além da ONU, sabiam da operação. Todos negam envolvimento.
O Ministério das Relações Exteriores da França informou que pedirá a repatriação dos condenados, que poderão cumprir penas de prisão no país devido a um acordo judicial de 1976 entre os dois governos.


Com France Presse


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