|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tartarugas sofrem na mão de miskitos
DO ENVIADO A BILWI
Exatas 5h da manhã. O
ex-mergulhador Octavio
Morales, 50, levanta o facão e corta a cabeça de
uma gigantesca tartaruga
marinha verde. Quinze
minutos depois, seu corpo
em pedaços está num carrinho de pedreiro, pronto
para ser levado ao mercado de Bilwi. Já a carapaça é
disputada por cachorros e
urubus em busca da carne
que sobrou.
A poucos metros do matadouro, outras três tartarugas, de casco virado e patas costuradas com um
corda azul, esperarão até
15 dias para ter o mesmo
destino. Até a hora da
morte, permanecerão vivas e imobilizadas.
A comercialização e
consumo de carne de tartaruga é uma prática legal
e antiga dos miskitos, que
as capturam em alto mar
por meio de redes. Os animais são vendidos no porto, onde cada um sai em
média por R$ 70. No mercado local, um quilo de sua
carne é vendido por cerca
de R$ 6.
Anualmente, cerca de 11
mil tartarugas-verdes
adultas são mortas por
ano na Nicarágua, segundo a ONG Sociedade de
Conservação da Vida Selvagem (WCS, na sigla em
inglês). A caça desenfreada colocou a espécie na lista dos animais ameaçados
de extinção do país.
Pelas ruas de Bilwi, é comum ver tartarugas gigantes vivas de cabeça para
baixo diante das casas, enquanto as carapaças vazias
se espalham por terrenos
baldios e na areia da praia.
A venda de carne de tartaruga é a principal ocupação de Morales, que deixou de mergulhar há sete
anos, depois de começar a
sentir dormência nas pernas -ele caminha mancando. "Os barcos tiram
todo o nosso leite e não
dão nada", afirma.
(FM)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Acidentes e preço derrubam mergulhadores Índice
|