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Saddam pagou com petróleo apoio de brasileiros do MR-8, diz jornal
DA REDAÇÃO
O grupo brasileiro MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) é citado numa lista de 270
entidades e políticos de 44 países
aos quais Saddam Hussein teria
presenteado com petróleo, como
forma de recompensá-los pelo
apoio que davam a seu regime.
A lista foi publicada em Bagdá
pelo jornal "Al Mada". Nelson
Chaves, 59, secretário de relações
internacionais do MR-8, confirmou à Folha ter participado da
venda de petróleo iraquiano, mas
disse que seu grupo não ganhou
dinheiro nas operações.
O MR-8 surgiu como organização clandestina de esquerda durante o regime militar. Não se tornou partido político e é hoje uma
tendência abrigada pelo PMDB.
O jornal de Bagdá também
menciona como favorecidos pela
ditadura deposta o agente de viagens brasileiro Fouad Sarhan. Ex-representante da Iraqi Airways,
ele disse à BBC Brasil que atuou
como intermediário e que recebia
comissões pela venda de petróleo.
Chaves não quis dizer para
quais países intermediou contratos e qualificou de "ficção" a informação do "Al Mada" de que
seu grupo recebera 4,5 milhões de
barris de óleo cru. Disse que, durante os anos de embargo (1990-2003), as grandes empresas petrolíferas americanas boicotavam as
transações autorizadas pela ONU
("óleo por comida") e que o MR-8
"tinha contatos internacionais
para encontrar compradores".
Não soube explicar o que teria
levado Saddam a mobilizar no
Brasil interlocutores para um
mercado no qual seu regime fora
um dos principais exportadores.
O MR-8, por meio de seu jornal,
"Hora do Povo", sempre apoiou a
ditadura iraquiana.
Charles Pasqua, ex-ministro
francês do Interior e próximo do
presidente Chirac seria um outro
beneficiado, o que ele nega.
O Iraque quer investigar se esse
grupo de favorecidos recebeu ilegalmente petróleo para apoiar o
regime deposto. "Essa gente deve
ser processada por se apoderar
ilegalmente de nossas riquezas",
disse Nasir Chaderji, que integra o
Conselho de Governo Iraquiano.
A lista de beneficiados citada
pelo jornal inclui membros da família real saudita, organizações
políticas e religiosas do mundo
árabe e até, na Rússia, a Igreja Ortodoxa e o Partido Comunista.
Um dos vice-ministros iraquianos do Petróleo, Abdel Sahed Qotob, disse que, entre os nomes não
revelados de apoiadores de Saddam, estariam dois primeiros-ministros e dois ministros das Relações Exteriores.
Assem Jihad, porta-voz do Ministério do Petróleo, disse que
Saddam usava a maior riqueza
iraquiana para "subornar" autoridades e organizações.
Com agências internacionais
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