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EUA
Conclusão é de pesquisa do "Times"
Maioria dos americanos apóia grampo ilegal
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
O programa de espionagem de
comunicações telefônicas e eletrônicas desenvolvido pelo presidente George W. Bush e conduzido pela NSA (Agência de Segurança Nacional) tem a confiança
de mais da metade da população
norte-americana, se os objetivos
forem monitorar pessoas suspeitas. Ao mesmo tempo, causa
preocupação com a possibilidade
de prejudicar liberdades civis do
país em 48% da sociedade.
A avaliação consta de pesquisa
realizada de 20 a 25 de janeiro pelo jornal "The New York Times",
em parceria com a rede de TV
CBS, divulgada ontem.
Indagados sobre o programa de
espionagem como arma do governo para evitar novos ataques
terroristas, 53% dos entrevistados
aprovaram o programa. Sem a
menção a terrorismo na pergunta, 50% dos pesquisados desaprovaram a interceptação telefônica
sem autorização judicial.
Quando a pergunta se referia à
perda objetiva de liberdades civis
como resultado de medidas adotadas pelo governo Bush na luta
contra o terrorismo, 64% disseram ter alguma ou muita preocupação. Outros 17% disseram não
estar muito preocupados, e apenas 18% responderam não ter
preocupação nenhuma.
Segundo o jornal, é cedo para
dizer se a contra-ofensiva lançada
por Bush nesta semana produziu
resultados na opinião pública.
Desde segunda-feira, autoridades
do governo e o próprio presidente
se revezaram em microfones para
classificar a espionagem como
"programa de vigilância de terrorismo", como forma de incutir na
sociedade a noção de que o projeto visa apenas pessoas suspeitas.
Além de Bush, o secretário da
Justiça, Alberto Gonzales, e o vice-diretor da NSA, Michael Hayden, falaram sobre o tema.
Na prática, porém, é difícil
apoiar a ofensiva de relações públicas da Casa Branca, primeiro
porque o programa é sigiloso e os
detalhes, desconhecidos, uma vez
que se trata de assunto de segurança nacional.
Críticos ressaltam ainda que
uma lei de 1978 permite o monitoramento de ligações originadas
ou recebidas por moradores dos
EUA desde que o governo consiga
uma autorização judicial concedida por um tribunal secreto. A Casa Branca diz que o projeto é legal
e que a consulta à corte retardaria
os monitoramentos.
Quando a pergunta foi feita à
população, 68% dos entrevistados disseram que apoiariam um
programa de monitoramento de
pessoas consideradas suspeitas
pelo governo. Mas 70% responderam ser contra a vigilância de
americanos comuns.
Discurso
Os números serão lidos e relidos
pela equipe de Bush nos próximos dias, quando a Casa Branca
prepara a versão final do discurso
do Estado da União, feito pelo
presidente no Congresso todos os
anos. Previsto para a noite de terça-feira, o episódio vem sendo
tratado pelo governo como oportunidade de retomar a agenda política e a ofensiva no noticiário.
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