São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 2006

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EUA

Conclusão é de pesquisa do "Times"

Maioria dos americanos apóia grampo ilegal

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

O programa de espionagem de comunicações telefônicas e eletrônicas desenvolvido pelo presidente George W. Bush e conduzido pela NSA (Agência de Segurança Nacional) tem a confiança de mais da metade da população norte-americana, se os objetivos forem monitorar pessoas suspeitas. Ao mesmo tempo, causa preocupação com a possibilidade de prejudicar liberdades civis do país em 48% da sociedade.
A avaliação consta de pesquisa realizada de 20 a 25 de janeiro pelo jornal "The New York Times", em parceria com a rede de TV CBS, divulgada ontem.
Indagados sobre o programa de espionagem como arma do governo para evitar novos ataques terroristas, 53% dos entrevistados aprovaram o programa. Sem a menção a terrorismo na pergunta, 50% dos pesquisados desaprovaram a interceptação telefônica sem autorização judicial.
Quando a pergunta se referia à perda objetiva de liberdades civis como resultado de medidas adotadas pelo governo Bush na luta contra o terrorismo, 64% disseram ter alguma ou muita preocupação. Outros 17% disseram não estar muito preocupados, e apenas 18% responderam não ter preocupação nenhuma.
Segundo o jornal, é cedo para dizer se a contra-ofensiva lançada por Bush nesta semana produziu resultados na opinião pública. Desde segunda-feira, autoridades do governo e o próprio presidente se revezaram em microfones para classificar a espionagem como "programa de vigilância de terrorismo", como forma de incutir na sociedade a noção de que o projeto visa apenas pessoas suspeitas.
Além de Bush, o secretário da Justiça, Alberto Gonzales, e o vice-diretor da NSA, Michael Hayden, falaram sobre o tema.
Na prática, porém, é difícil apoiar a ofensiva de relações públicas da Casa Branca, primeiro porque o programa é sigiloso e os detalhes, desconhecidos, uma vez que se trata de assunto de segurança nacional.
Críticos ressaltam ainda que uma lei de 1978 permite o monitoramento de ligações originadas ou recebidas por moradores dos EUA desde que o governo consiga uma autorização judicial concedida por um tribunal secreto. A Casa Branca diz que o projeto é legal e que a consulta à corte retardaria os monitoramentos.
Quando a pergunta foi feita à população, 68% dos entrevistados disseram que apoiariam um programa de monitoramento de pessoas consideradas suspeitas pelo governo. Mas 70% responderam ser contra a vigilância de americanos comuns.

Discurso
Os números serão lidos e relidos pela equipe de Bush nos próximos dias, quando a Casa Branca prepara a versão final do discurso do Estado da União, feito pelo presidente no Congresso todos os anos. Previsto para a noite de terça-feira, o episódio vem sendo tratado pelo governo como oportunidade de retomar a agenda política e a ofensiva no noticiário.


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