São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Próximo Texto | Índice

Com Carolina do Sul, Obama leva apoio de Kennedys

Filha e irmão de presidente assassinado em 1963 aderem à campanha do senador que venceu primárias no Estado

Vitória esmagadora de candidato nas primárias democratas do sábado foi garantida por votação expressiva de negros

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WEST PALM BEACH

Embalado para a Superterça-feira -o dia 5 de fevereiro, quando mais de 20 Estados promovem suas prévias- após a vitória expressiva na primária da Carolina do Sul, no sábado, o senador Barack Obama conquistou mais dois apoios de grande peso simbólico para sua campanha.
O primeiro veio de Caroline Kennedy, que tinha apenas cinco anos quando seu pai, o presidente John F. Kennedy, foi assassinado, em 1963. "Eu nunca tive um presidente que me inspirou do jeito que as pessoas me contam que meu pai os inspirou", disse ela, no sábado, afirmando que vê esse potencial em Obama.
A outra declaração de apoio vem da mesma família e deverá ser anunciada hoje em Washington, segundo confirmam assessores do Partido Democrata. O endosso virá do senador de Massachusetts Edward M. Kennedy, irmão do presidente, que comanda no Senado uma comissão integrada por Hillary e Obama. Em outubro, o senador havia declarado: "Vai ser uma escolha difícil. Eu tenho muitos amigos que querem ser presidente". Seu apoio é tido como um dos mais importantes dentro do partido.
A adesão de pessoas com laços de sangue com o mito democrata que se tornou, aos 43 anos de idade, o presidente mais jovem da história do país, reforça positivamente uma das principais características que mais destaca Obama, 46, dos concorrentes: a juventude, que por sua vez ajuda a reforçar sua promessa de "mudança".
É dos jovens, aliás, grande parte do mérito da vitória ampla de Obama na Carolina do Sul, no sábado, quando ele conquistou 55% dos votos contra, 27% de Hillary Clinton e 18% de John Edwards.
Na fatia de 18 a 29 anos, a preferência pelo candidato foi esmagadora: 67%, contra 23% de Hillary, 60. O candidato venceu em todas as faixas etárias, mas entre eleitores com mais de 60 anos a diferença foi de apenas três pontos percentuais.

Voto negro
Mais do que os jovens, contudo, quem garantiu a vitória sólida de Obama na Carolina do Sul foram os eleitores negros, com 78% da preferência pelo candidato, contra 19% para Hillary e 3% para Edwards. Os negros, que até o final de 2007 eram apontados como favoráveis à ex-primeira-dama nas pesquisas locais, compuseram 55% do eleitorado no Estado.
Já entre os brancos, Barack Obama apareceu em terceiro lugar (24%), atrás de Hillary (36%) e Edwards (40%) -o que não é necessariamente preocupante para a campanha nacional do senador, que no início de janeiro foi vencedor do "caucus" (assembléia de eleitores) de Iowa, Estado no qual mais de 90% da população é branca.
No discurso após a vitória na Carolina do Sul, Barack Obama declarou: "Vocês podem ver nos rostos aqui nesta noite -eles são jovens e velhos, ricos e pobres. Eles são pretos e brancos, latinos e asiáticos e nativos americanos".
O discurso também teve provocações veladas à ex-primeira-dama. "Nós estamos procurando por mais do que mudança de partido na Casa Branca. Estamos procurando fundamentalmente mudar o "status quo" em Washington", disse ele, muito aplaudido por militantes que o assistiam.

Tiro no pé
A tabulação de dados das pesquisas de boca-de-urna endossa a tese de que os ataques de Hillary e do marido, o ex-presidente Bill Clinton, a Obama foram uma estratégia falha: 16% dos eleitores acham que Hillary atacou Obama injustamente, enquanto o inverso é dito por apenas 6%.
Metade dos eleitores, contudo, afirma que os ataques injustos vieram dos dois lados, o que mostra que a baixaria de campanha pode ter sujado a imagem dos dois candidatos -o que, em um Estado tradicionalmente republicano, pode ser muito prejudicial nas eleições de novembro.

Papel dos cônjuges
Conforme se consolida a visão de que os eleitores negros, mesmo os que votariam em Hillary, rejeitaram os ataques do casal Clinton, cresce a especulação de que o papel do ex-presidente pode ser reduzido na campanha.
Já a mulher de Barack Obama e possível futura primeira-dama, Michelle Obama, está se tornando cada vez mais presente. Ela passou o domingo ao lado do marido em comícios no Alabama e na Geórgia -que, assim como na Carolina do Sul, têm grande percentual de eleitores negros.


Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.