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Com Carolina do Sul, Obama leva apoio de Kennedys
Filha e irmão de presidente assassinado em 1963 aderem à campanha do senador que venceu primárias no Estado
Vitória esmagadora de candidato nas primárias democratas do sábado foi garantida por votação expressiva de negros
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WEST PALM BEACH
Embalado para a Superterça-feira -o dia 5 de fevereiro,
quando mais de 20 Estados
promovem suas prévias- após
a vitória expressiva na primária
da Carolina do Sul, no sábado, o
senador Barack Obama conquistou mais dois apoios de
grande peso simbólico para sua
campanha.
O primeiro veio de Caroline
Kennedy, que tinha apenas cinco anos quando seu pai, o presidente John F. Kennedy, foi assassinado, em 1963. "Eu nunca
tive um presidente que me inspirou do jeito que as pessoas
me contam que meu pai os inspirou", disse ela, no sábado,
afirmando que vê esse potencial em Obama.
A outra declaração de apoio
vem da mesma família e deverá
ser anunciada hoje em Washington, segundo confirmam
assessores do Partido Democrata. O endosso virá do senador de Massachusetts Edward
M. Kennedy, irmão do presidente, que comanda no Senado
uma comissão integrada por
Hillary e Obama. Em outubro,
o senador havia declarado: "Vai
ser uma escolha difícil. Eu tenho muitos amigos que querem
ser presidente". Seu apoio é tido como um dos mais importantes dentro do partido.
A adesão de pessoas com laços de sangue com o mito democrata que se tornou, aos 43
anos de idade, o presidente
mais jovem da história do país,
reforça positivamente uma das
principais características que
mais destaca Obama, 46, dos
concorrentes: a juventude, que
por sua vez ajuda a reforçar sua
promessa de "mudança".
É dos jovens, aliás, grande
parte do mérito da vitória ampla de Obama na Carolina do
Sul, no sábado, quando ele conquistou 55% dos votos contra,
27% de Hillary Clinton e 18%
de John Edwards.
Na fatia de 18 a 29 anos, a preferência pelo candidato foi esmagadora: 67%, contra 23% de
Hillary, 60. O candidato venceu
em todas as faixas etárias, mas
entre eleitores com mais de 60
anos a diferença foi de apenas
três pontos percentuais.
Voto negro
Mais do que os jovens, contudo, quem garantiu a vitória sólida de Obama na Carolina do Sul
foram os eleitores negros, com
78% da preferência pelo candidato, contra 19% para Hillary e
3% para Edwards. Os negros,
que até o final de 2007 eram
apontados como favoráveis à
ex-primeira-dama nas pesquisas locais, compuseram 55% do
eleitorado no Estado.
Já entre os brancos, Barack
Obama apareceu em terceiro
lugar (24%), atrás de Hillary
(36%) e Edwards (40%) -o que
não é necessariamente preocupante para a campanha nacional do senador, que no início de
janeiro foi vencedor do "caucus" (assembléia de eleitores)
de Iowa, Estado no qual mais
de 90% da população é branca.
No discurso após a vitória na
Carolina do Sul, Barack Obama
declarou: "Vocês podem ver
nos rostos aqui nesta noite
-eles são jovens e velhos, ricos
e pobres. Eles são pretos e
brancos, latinos e asiáticos e
nativos americanos".
O discurso também teve provocações veladas à ex-primeira-dama. "Nós estamos procurando por mais do que mudança de partido na Casa Branca.
Estamos procurando fundamentalmente mudar o "status
quo" em Washington", disse ele,
muito aplaudido por militantes
que o assistiam.
Tiro no pé
A tabulação de dados das pesquisas de boca-de-urna endossa a tese de que os ataques de
Hillary e do marido, o ex-presidente Bill Clinton, a Obama foram uma estratégia falha: 16%
dos eleitores acham que Hillary
atacou Obama injustamente,
enquanto o inverso é dito por
apenas 6%.
Metade dos eleitores, contudo, afirma que os ataques injustos vieram dos dois lados, o que
mostra que a baixaria de campanha pode ter sujado a imagem dos dois candidatos -o
que, em um Estado tradicionalmente republicano, pode ser
muito prejudicial nas eleições
de novembro.
Papel dos cônjuges
Conforme se consolida a visão de que os eleitores negros,
mesmo os que votariam em Hillary, rejeitaram os ataques do
casal Clinton, cresce a especulação de que o papel do ex-presidente pode ser reduzido na
campanha.
Já a mulher de Barack Obama e possível futura primeira-dama, Michelle Obama, está se
tornando cada vez mais presente. Ela passou o domingo ao
lado do marido em comícios no
Alabama e na Geórgia -que, assim como na Carolina do Sul,
têm grande percentual de eleitores negros.
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