São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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Egito restringe comércio que serve a palestinos

País tenta repelir, fechando lojas, fluxo vindo de Gaza atrás de mantimentos

Premiê israelense garantiu a Mahmoud Abbas, que quer controle da fronteira devassada, que Gaza receberá comida e remédios

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ASHKELON (ISRAEL)

Soldados egípcios começaram a expulsar, recorrendo à força, os palestinos que chegaram até a cidade de Al Arish, aproveitando a derrubada de parte do muro que cercava a faixa de Gaza, seis dias atrás.
Tentando restabelecer a ordem na região da fronteira, que foi invadida por milhares de palestinos em busca de suprimentos nos últimos dias, as autoridades egípcias também determinaram o fechamento do comércio em Al Arish, cujos moradores já sofrem com o desabastecimento crônico e o drástico aumento dos preços.
Em encontro ontem em Jerusalém, o premiê de Israel, Ehud Olmert, garantiu ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, que o suprimento de comida, remédios e energia para a faixa de Gaza será retomado. O bloqueio imposto há 11 dias em reação ao disparo de centenas de foguetes contra Israel, prometeu Olmert, não causará um "desastre humanitário".
Abbas pediu a Olmert luz verde para assumir o controle da fronteira devassada, mas não recebeu uma resposta clara. O movimento Fatah, liderado por Abbas, vem travando uma disputa há meses pela hegemonia palestina com o fundamentalista Hamas, que tomou o poder de Gaza em junho.
Durante audiência na Suprema Corte do país para avaliar uma ação de grupos humanitários contra o bloqueio a Gaza, o governo israelense afirmou que o abastecimento regular de combustível à principal usina elétrica de Gaza será retomado.
O movimento de palestinos rumo ao Egito continuou ontem, mas em número bem menor que inicialmente. Temendo perder o controle da região e preocupado com o desabastecimento, o governo egípcio está limitando o comércio e o movimento dos palestinos.
Em, Al Arish, a maior cidade egípcia da fronteira, a cerca de 45 km de Gaza, as lojas ontem fecharam por ordem das autoridades, e os palestinos foram "convidados" a voltar a Gaza, nem sempre de forma gentil. "Quem quis ficar foi expulso à força", disse à Folha o engenheiro Samy Mohamed, 38.
Na parte egípcia de Rafah, junto à fronteira aberta, o movimento de palestinos também começou a ser reprimido. Motoristas que tentaram cruzar a divisa foram ameaçados com cassetetes elétricos. Na véspera, mais de 30 soldados egípcios ficaram feridos em choques com palestinos.
No sentido contrário, o fluxo era tolerado. Segundo moradores ouvidos pela Folha na fronteira com Israel, caminhões com placa do Egito circularam em Gaza, levando encomendas dos comerciantes locais.


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