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Egito restringe comércio que serve a palestinos
País tenta repelir, fechando lojas, fluxo vindo de Gaza atrás de mantimentos
Premiê israelense garantiu a Mahmoud Abbas, que quer controle da fronteira devassada, que Gaza receberá comida e remédios
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ASHKELON (ISRAEL)
Soldados egípcios começaram a expulsar, recorrendo à
força, os palestinos que chegaram até a cidade de Al Arish,
aproveitando a derrubada de
parte do muro que cercava a
faixa de Gaza, seis dias atrás.
Tentando restabelecer a ordem na região da fronteira, que
foi invadida por milhares de palestinos em busca de suprimentos nos últimos dias, as autoridades egípcias também determinaram o fechamento do comércio em Al Arish, cujos moradores já sofrem com o desabastecimento crônico e o drástico aumento dos preços.
Em encontro ontem em Jerusalém, o premiê de Israel,
Ehud Olmert, garantiu ao presidente palestino, Mahmoud
Abbas, que o suprimento de comida, remédios e energia para a
faixa de Gaza será retomado. O
bloqueio imposto há 11 dias em
reação ao disparo de centenas
de foguetes contra Israel, prometeu Olmert, não causará um
"desastre humanitário".
Abbas pediu a Olmert luz
verde para assumir o controle
da fronteira devassada, mas
não recebeu uma resposta clara. O movimento Fatah, liderado por Abbas, vem travando
uma disputa há meses pela hegemonia palestina com o fundamentalista Hamas, que tomou o poder de Gaza em junho.
Durante audiência na Suprema Corte do país para avaliar
uma ação de grupos humanitários contra o bloqueio a Gaza, o
governo israelense afirmou que
o abastecimento regular de
combustível à principal usina
elétrica de Gaza será retomado.
O movimento de palestinos
rumo ao Egito continuou ontem, mas em número bem menor que inicialmente. Temendo perder o controle da região e
preocupado com o desabastecimento, o governo egípcio está
limitando o comércio e o movimento dos palestinos.
Em, Al Arish, a maior cidade
egípcia da fronteira, a cerca de
45 km de Gaza, as lojas ontem
fecharam por ordem das autoridades, e os palestinos foram
"convidados" a voltar a Gaza,
nem sempre de forma gentil.
"Quem quis ficar foi expulso à
força", disse à Folha o engenheiro Samy Mohamed, 38.
Na parte egípcia de Rafah,
junto à fronteira aberta, o movimento de palestinos também
começou a ser reprimido. Motoristas que tentaram cruzar a
divisa foram ameaçados com
cassetetes elétricos. Na véspera, mais de 30 soldados egípcios ficaram feridos em choques com palestinos.
No sentido contrário, o fluxo
era tolerado. Segundo moradores ouvidos pela Folha na fronteira com Israel, caminhões
com placa do Egito circularam
em Gaza, levando encomendas
dos comerciantes locais.
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