São Paulo, quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Após 4 meses, Zelaya deixa embaixada brasileira

DO ENVIADO A TEGUCIGALPA

Depois de 128 dias como "hóspede" do governo Lula e sob forte cerco militar, o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya finalmente deixou ontem a Embaixada do Brasil em Honduras e viajou à República Dominicana.
A sua saída ocorreu por volta das 15h locais (19h em Brasília), quando o recém-empossado presidente hondurenho, Porfirio Lobo, e seu colega dominicano, Leonel Fernández, chegaram à embaixada brasileira com uma caravana de cerca de 15 veículos. Na semana passada, os dois firmaram acordo para viabilizar a saída de Zelaya.
"Tudo foi muito cordial e respeitoso. Zelaya e Lobo chegaram a conversar por alguns instantes. Ele também deixou uma carta de agradecimento ao presidente Lula", disse, por telefone, o encarregado de negócios Francisco Catunda, que estava na embaixada.
A caravana deixou a representação em alta velocidade rumo ao aeroporto, onde algumas centenas de simpatizantes de Zelaya o esperavam. Às 15h30 locais, o avião do governo dominicano decolou com o ex-presidente, a sua mulher, Xiomara, e o assessor Rasel Tomé.
"Voltaremos", gritou Zelaya aos jornalistas já no aeroporto.
"É um momento de muitos sentimentos encontrados. Por uma parte, de alegria por poder sair desse claustro e pela resistência que mantivemos na embaixada, mas também é o sentimento de ver o povo que vem dar adeus e também até logo ao presidente Zelaya", disse Xiomara à local rádio Globo.
O exílio de Zelaya começa no mesmo dia em que acabaria seu mandato de quatro anos, interrompido em 28 de junho, quando foi deposto e deportado.
O presidente deposto estava na embaixada brasileira desde o dia 21 de setembro, quando regressou clandestinamente a Honduras, após duas tentativas frustradas -a primeira delas, ironicamente, tentando aterrissar no mesmo aeroporto de onde partiu ontem.
A sua volta forçou o governo interino a negociar a possibilidade de retorno ao poder, mas Zelaya acabou fracassando.
Durante o tempo em que ele esteve na embaixada, o governo interino isolou quase completamente o prédio da representação, provocando uma condenação do Conselho de Segurança da ONU, sem efeito prático. Logo após a saída de Zelaya, o governo Lobo levantou o cerco ao local, que voltará a funcionar na segunda-feira. (FM)


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