São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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Redução de gastos britânicos ameaça bibliotecas públicas

Ao menos 375 correm o risco de serem fechadas devido à redução de repasses de verba aos conselhos locais

Em Somerset, conselho local planejava fechar 20 bibliotecas, mas reduziu o número após pressão da comunidade

LEILA CORREIA
DE SÃO PAULO

Bibliotecas públicas do Reino Unido tornaram-se o centro de campanhas movidas por comunidades do interior do país que desejam evitar o fechamento de centenas delas.
Os cortes fazem parte do esforço para reduzir em 83 bilhões de libras (R$ 227 bilhões) as despesas públicas, anunciado em outubro pelo governo do premiê conservador David Cameron e de seu vice, o liberal-democrata Nick Clegg. O corte deve ser implementado em 1º de abril.
Os conselhos locais -de onde sai a verba para as bibliotecas públicas- sofrerão redução de 7,1% em seus repasses anuais até 2015.
O Reino Unido possui 4.517 bibliotecas públicas fixas e móveis, parte importante das comunidades há mais de dois séculos (em 1850, foi introduzido o Ato pela Biblioteca Pública, para "aumentar os níveis educacionais da sociedade").
Juntas, elas empregam mais de 25 mil pessoas.
No entanto, ao menos 375 correm o risco de ser fechadas -o número pode mais do que dobrar, já que existem conselhos de alguns condados do país que ainda não informaram seus planos para reduzir despesas.
Um dos locais afetados pela ameaça é Somerset, a oeste de Londres. O conselho local propôs parar de custear 20 das 34 bibliotecas locais.
Alarmada, a comunidade formou o Save Somerset Libraries (Salve as Bibliotecas de Somerset) para pressionar por uma outra solução.
"Os cortes terão efeitos sociais e econômicos que custarão mais no longo prazo", disse Richard Chisnall, fundador do grupo.
Um dos membros do grupo é Steve Ross, pai de três filhos e aluno de MBA na Universidade de Exeter. "Não vou só perder a oportunidade de levar meus filhos até a biblioteca para [ler] uma história após a escola", afirmou.
"Mas eles também vão perder a oportunidade de se misturar e se reunir com outras pessoas enquanto buscam em livros inspiração e ideias para o futuro."
A pressão parece ter dado resultados: das 20 bibliotecas ameaçadas, o conselho local informou na última segunda-feira que 9 não correm mais risco de fechar -mas terão o horário de funcionamento reduzido em cerca de 20%, segundo Chisnall.
Simon Clifford, responsável pelo setor de comunicações no Conselho de Somerset, informou à Folha que o possível fechamento das outras 11 será feito em fases, durante 18 meses, para dar à comunidade "a chance de levantar fundos, treinar voluntários, entre outras coisas".
"Trabalhamos com grupos locais e entidades nacionais para ver se eles podem assumir as bibliotecas. Estamos confiantes de que, se essas conversas forem boas, algumas poderão ser gerenciadas por organizações externas", disse, por e-mail.

PLANOS EM RISCO
Diversas outras localidades passam pelo mesmo problema. Grupos em Lewisham, Doncaster e Gloucestershire procuraram por informações de como enfrentar juridicamente a ameaça de fechamento.
No condado de Oxfordshire, se for confirmado o fechamento de 20 de 43 bibliotecas, a cidade de Oxford -berço da mais antiga universidade do país- enfrentará dificuldades para se tornar a capital mundial do livro pela Unesco (braço cultural da ONU) em 2014.


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