São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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Para editor do "Times", Assange foi "hostil"

Jornalista relata em um texto relação do jornal americano com fundador do WikiLeaks

DE SÃO PAULO

Em texto sobre a relação do "New York Times" com o fundador do WikiLeaks, fonte do megavazamento diplomático americano, o editor-executivo do jornal qualifica Julian Assange de "manipulador, volátil e em última instância, abertamente hostil".
Relato atribuído a um dos repórteres do jornal após encontro descreve a sua aparência: "Alerta, mas despenteado, vestindo casaco e calça surrados, camisa branca suja e um tênis velho com as meias caindo pelos lados".
O relato é intitulado "Lidando com Assange e os segredos que vazou" e será publicado na revista de domingo do jornal americano.
No texto, o editor-executivo do jornal, Bill Keller, descreve a aproximação com Assange, por meio do jornal britânico "Guardian", em junho passado, e o posterior estremecimento das relações devido a diferenças sobre o tratamento dado ao material e à negociação pré-divulgação.
Segundo Keller, o "Times" considerou Assange desde o começo uma fonte, e não um parceiro ou um colaborador. "No entanto, ele claramente tinha a sua própria agenda".
No primeiro contato pessoal com o fundador do site, "os repórteres acharam Assange inteligente e educado e extremamente entendido de tecnologia, mas arrogante, com ar conspiratório e desconfiado", relata Keller.
A relação se deterioraria antes da segunda leva de documentos, sobre o Iraque, em outubro -a primeira fora sobre Afeganistão, em julho.
"A relação do "Times" com a nossa fonte foi então de cautelosa a hostil", relata.
"[Assange] estava furioso por nossa rejeição em linkar nossa cobertura à página do WikiLeaks. "Onde está o respeito?". Ele se transformou pela celebridade", diz Keller.

ROMPIMENTO
Mas foi antes da divulgação da última grande revelação do WikiLeaks, os mais de 250 mil despachos diplomáticos americanos de todas as partes do mundo, que o relacionamento azedou de vez.
Segundo Keller, Assange tentou excluir o "Times" do grupo de veículos que vinha divulgando os vazamentos e passar o material para concorrentes, mas teve de ceder após o jornal obter todos os documentos do "Guardian".
O editor-executivo relata ainda episódio que já tinha vindo à tona, em matéria da revista "Vanity Fair", sobre a ameaça que Assange fez de processar o "Guardian" se o jornal britânico publicasse o material sem autorização.
Os papéis viriam a ser revelados no fim de novembro, como Assange queria.
Os vazamentos do site são realizados em parceria com veículos de imprensa. No último, o grupo incluía "Times", "Guardian", "Le Monde", "Spiegel" e "El País".
A Folha e o "Globo" têm acesso antecipado ao material procedente de representações dos EUA no Brasil.


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