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EUA
Libeskind, autor do projeto escolhido para o local das torres, diz que sua obra reflete "o coração e a alma dos cidadãos"
"Jardins no céu" vão substituir o WTC
EDWARD WYATT
DO "THE NEW YORK TIMES"
Um poço aberto, a caldeirinha
na qual o fogo continuou a arder
durante semanas depois de 11 de
setembro de 2001 e o chão no qual
caiu a maior parte dos corpos dos
mortos na catástrofe vão formar o
ponto central do projeto de memorial e reconstrução após o ataque ao World Trade Center. A decisão foi tomada na noite de anteontem por autoridades municipais e estaduais de Nova York.
O escolhido foi o estúdio Daniel
Libeskind, a firma de Berlim cujo
plano para o local, apelidado de
"Jardins no céu", gira em torno do
poço escavado na área do WTC,
em volta da qual serão erguidas
torres de vidro que ascendem até
uma agulha cuja ponta ficará a 541
metros do solo.
"Os edifícios são construídos
com concreto e aço, mas também
com o conteúdo espiritual do coração e da alma dos cidadãos",
discursou Libeskind ao ser anunciado como vencedor.
O projeto Libeskind foi visto como o mais cotado durante semanas. As autoridades optaram pelo
tratamento sóbrio advogado por
Libeskind para o memorial, além
da incorporação de uma vida de
rua ativa nas partes comerciais.
Ainda há questões em aberto,
desde os estacionamentos subterrâneos propostos até o shopping
fechado e a quantidade de espaço
para escritórios comerciais. Não
está certo, além disso, de que maneira o memorial será pago, se as
torres terão a aparência dos edifícios no projeto e se o controle do
local ficará com a prefeitura ou a
Autoridade Portuária.
Segundo quem participou da
reunião da qual saiu a decisão,
tanto o governador quanto o prefeito de Nova York foram favoráveis ao projeto, assim como a Autoridade Portuária.
Ao anunciar o vencedor, o governador George Pataki afirmou
que o projeto "simbolizará o ressurgimento de Nova York". "Que
o mundo saiba que os terroristas
não acabaram com nossa confiança nem nos roubaram a liberdade", declarou o prefeito Michael Bloomberg.
Pataki já disse diversas vezes
que, no processo de reconstrução,
o alvo principal de sua atenção é o
memorial às vítimas do ataque.
Desde o início, ele dizia ter ficado
comovido com o projeto de Libeskind. Muitos familiares de vítimas também se disseram favoráveis ao fato de Libeskind preservar uma parte grande do local, e
Pataki já se posicionou em favor
dos desejos das famílias em várias
ocasiões, como no verão passado,
quando afirmou que nada seria
construído no solo sobre o qual se
erguiam as duas torres.
Dois representantes estaduais
disseram temer que o governador
possa enfrentar consequências
políticas negativas da decisão.
O comitê do grupo responsável
pela reconstrução votou, na terça-feira, por outro projeto, do escritório Think. Os membros desse
comitê foram indicados por Pataki, o prefeito Michael Bloomberg
e o ex-prefeito Rudolph Giuliani.
Assim, o governador e o prefeito
passaram por cima do parecer das
pessoas que eles próprios tinham
indicado especificamente para
cuidar da reconstrução do WTC.
Mas o projeto de Libeskind, focalizando o poço e suas paredes
nuas, recebeu amplo apoio praticamente desde o momento em
que foi divulgado, em dezembro.
As paredes de concreto exposto
do poço escavado, destinadas a
conter as águas subterrâneas do
rio Hudson, no projeto de Libeskind passam a representar os alicerces da democracia, mantendo-se firmes mesmo sob ataque.
A escolha do projeto vencedor
representa o fim de um processo
que teve início em maio passado
-foram apresentados 407 projetos de todas as partes do mundo.
Embora a primeira fase do trabalho de recuperação do local já
esteja quase concluída, ainda falta
muito a ser feito antes que seja
possível começar qualquer coisa
que lembre uma obra nova de
construção no local onde se erguia o WTC.
Foi anunciado nesta semana
que ainda serão feitas novas revisões dos planos, que foram montados em pouco mais de quatro
meses -um prazo muito curto
para um projeto tão grande.
Num primeiro momento, Libeskind deve concentrar-se na
área do memorial, preparando diretrizes para o concurso do memorial, programado para começar nos próximos meses. O prazo
de escolha deve se estender até o
segundo aniversário dos ataques.
Tradução de Clara Allain
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