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Plano agrada à oposição e frustra base democrata
Ex-rival McCain é um dos republicanos a
expressar apoio à estratégia de Obama
Líderes democratas dizem
que vão tentar convencer
presidente a reduzir número
de tropas residuais que
permanecerão no Iraque
Logan Mock-Bunting/France Presse
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Obama discursa ao lado da cúpula militar na base de Camp Lejeune, na Carolina do Norte |
DE WASHINGTON
Mostra de que o anúncio de
retirada do Iraque feito ontem
pelo democrata Barack Obama
ficou no meio do caminho do
que sua base esperava, a decisão foi saudada com mais entusiasmo pela oposição republicana do que por membros do
próprio partido do presidente.
A começar por John McCain,
seu adversário nas eleições de
2008. "No geral, acho que o plano é razoável, pode funcionar e
eu o apoio", disse o republicano. O que fazer em relação à
Guerra do Iraque foi um dos
pontos divisores das duas candidaturas em 2008. Não foi
McCain que mudou, mas Obama, segundo o senador: "Isso [o
anúncio feito ontem] é completamente diferente do que ele
falava na campanha".
Obama se defendeu dizendo
que recalibrou seu plano depois de diversas reuniões com o
comando militar norte-americano e que pode mudar tudo de
novo, se a situação no front assim exigir: "Vamos proceder
com cautela, e eu vou me consultar de perto com meus comandantes militares no solo e
com o governo iraquiano".
Foi o suficiente para os dois
principais líderes democratas
sugerirem que pediriam uma
diminuição das tropas remanescentes em encontros futuros com Obama. "Espero discutir esse plano com mais profundidade com o presidente", disse
Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado. Anteontem, ele havia dito que entre 35
mil e 50 mil soldados era um
número "bem maior" do que o
que ele esperava.
Mesma linha seguiu a presidente do Congresso, representante (deputada federal) Nancy
Pelosi. "Conforme a política do
presidente Obama seja implantada, as missões das tropas remanescentes devem ser muito
bem definidas para que o número de soldados necessários
para realizá-las seja o mínimo
possível", afirmou.
Outros foram mais diretos. O
número "é inaceitável", disse o
representante democrata Lynn
Woolsey. "Temos de concluir
logo esse lamentável capítulo
da história americana", concordou seu colega e ex-pré-candidato democrata à presidência
Dennis Kucinich.
Essa não é a primeira vez que
Barack Obama deixa de cumprir na totalidade uma das promessas-chave de sua campanha, frustrando sua base mais
progressista. Foi assim, por
exemplo, com o desmanche do
aparato principal da "guerra ao
terror" de George W. Bush.
Com uma canetada, Obama
ordenou o fechamento da prisão militar de Guantánamo,
proibiu a tortura e as prisões
secretas da CIA. Aos poucos, no
entanto, a realidade tem se
mostrado que a mudança não é
tão ampla quanto o anunciado.
Em depoimentos recentes, o
novo chefe da agência de inteligência deixou abertas as portas
pra uso tanto de "técnicas reforçadas" de interrogatório.
Como disse Richard Haass,
presidente do influente centro
de pensamento Council on Foreign Relations, em Nova York,
"políticos fazem campanha em
branco e preto e governam em
tons de cinza". Cinza é o tom da
"retirada do Iraque" de ontem.
(SÉRGIO DÁVILA)
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