São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010

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CATÁSTROFE NO CHILE

Brasileiros vivem tensão após tremor

Comunicações por telefone e internet com o país eram difíceis ontem; em nota, governo do Brasil oferece ajuda a vítimas

Itamaraty já disponibiliza telefones para informações sobre cidadãos brasileiros no Chile; embaixada no país foi interditada por danos

DA FOLHA ONLINE
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em estado de alerta, brasileiros presentes no Chile no momento do terremoto de ontem narraram à Folha como enfrentaram a catástrofe. Até a conclusão desta edição, não havia informações sobre brasileiros entre as vítimas do tremor.
Moradora de um prédio de frente para a praia em Viña del Mar (a cerca de 100 km de Santiago), Mariane Gusan, 25, afirmou por telefone estar pronta para abandonar seu apartamento no caso de um tsunami atingir a costa. Em meio ao susto de acordar com o terremoto, ela ressalta o barulho das janelas do prédio se quebrando e caindo em cima dos carros estacionados andares abaixo. "Demorei para entender o que estava acontecendo."
Gusan mora no Chile há quatro anos, onde trabalha como analista de negócios.
Marcelo Sandoval, 24, disse que vai dormir no pátio do seminário em que mora, em Santiago, enquanto aguarda notícias. "Há pessoas com colchões na rua, com medo dos tremores", diz.
Pelo MSN, o músico Adriano Cintra, da banda paulista CSS -cujo show na praia, previsto para ontem, foi cancelado- disse estar preocupado com seu retorno ao Brasil, agora sem data por conta do fechamento do aeroporto.
Para a estudante Giovanna Vendrasco, 23, que está em Santiago a passeio com sua família, a situação dos voos era também uma das principais preocupações. "Muitos no nosso hotel tinham retorno ao Brasil previsto para hoje". Hospedada no primeiro andar do hotel, ela aguardou no saguão o fim dos tremores secundários.
A estudante Julia Spina Bueno, 21, também teve de passar um tempo no térreo do prédio em que mora, em Santiago. "Esperamos para ver se o tremor passava, mas ficou mais forte", conta.
Já chilenos que estão no Brasil tiveram dificuldades para falar com familiares no Chile. "Estou tentando por telefone e internet, nada funciona", afirma Celina Fernández, 72, enfermeira em São Paulo. "Minha filha e meu neto, que estão lá, foram criados no Brasil e não conhecem terremotos."

Itamaraty
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e ao Itamaraty uma avaliação da situação e das medidas de assistência que o Brasil pode adotar.
De acordo com o ministério, o prédio da embaixada brasileira em Santiago chegou a ser interditado por causa de abalos na estrutura, mas foi reaberto novamente antes do fim do dia. Todos os integrantes da representação diplomática brasileira, inclusive o embaixador Mário Vilalva, estão bem.
Segundo jorge Felix, ministro-chefe do GSI, provavelmente haverá um grande fluxo de brasileiros em férias no Chile querendo retornar ao Brasil, o que deverá exigir um reforço de pessoal da área consular.
Em nota, o Itamaraty declarou que o governo brasileiro "expressa sua disposição de prestar ao governo e ao povo chileno a assistência que se faça necessária". A Embaixada e o Consulado-Geral do Brasil em Santiago, segundo a nota, já estão trabalhando para dar apoio a brasileiros no Chile.
Um avião Legacy da Força Aérea Brasileira decolou ontem de Brasília para levar o ministro da Justiça do Chile, Jorge Rui Toledo, que estava na capital brasileira, de volta a Santiago. O avião levou também um diplomata brasileiro.
Informações referentes a cidadãos brasileiros no Chile poderão ser obtidas pelos telefones disponíveis acima.


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