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ÁFRICA
Relatório da Human Rights Watch mostra que as estudantes são atacadas por colegas e professores em todo o país
Estupro se espalha em escolas sul-africanas
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Estudantes sul-africanas estão
sendo estupradas por colegas e
professores em números alarmantes, segundo um relatório divulgado ontem pela organização
de defesa dos direitos humanos
Human Rights Watch, com sede
em Nova York.
O documento relata casos generalizados de violações aos direitos
humanos nas escolas do país e
traz novas provas da violência sexual que assola a África do Sul.
"Garotas estão sendo estupradas, abusadas sexualmente, assediadas e atacadas", disse Erika
George, autora do estudo.
A Human Rights Watch entrevistou 36 vítimas de violência sexual, entre elas uma menina de
nove anos estuprada por um grupo de colegas de aula e uma adolescente de 15 anos estuprada pelo
professor.
As garotas, segundo o relatório,
são atacadas nos banheiros das
escolas, em classes vazias, corredores e dormitórios. Professores
abusam de sua autoridade para
molestar as meninas, muitas vezes ameaçando agredi-las ou prometendo melhores notas ou até
mesmo dinheiro.
A Human Rights Watch fez um
apelo ao governo sul-africano para que desenvolva um plano de
ação nacional para combater o
problema. A ONG sugere a adoção de procedimentos para selecionar melhor os professores e de
medidas punitivas contra os que
cometerem abusos sexuais.
O governo sul-africano, segundo a Human Rights Watch, tem
feito esforços significativos para
melhorar a resposta do Estado à
violência contra a mulher. Mas é
preciso que haja uma vigilância
maior nas escolas.
De acordo com o relatório, na
maioria dos casos de abuso sexual
as autoridades escolares reagiram
de forma hostil ou indiferente às
reclamações das vítimas. Muitas
garotas tiveram, inclusive, de
abandonar os estudos por causa
do trauma.
"Tudo me faz lembrar, o uniforme me lembra o que aconteceu...Posso ouvir o professor rindo de mim nos meus sonhos",
contou uma aluna vítima de estupro.
A Human Rights Watch atribui
a cultura de violência endêmica
nas escolas e na sociedade sul-africanas ao legado do apartheid
(1948-1994), período de segregação racial no qual os conflitos políticos e sociais eram resolvidos
por métodos violentos.
A epidemia de Aids na África do
Sul, que possui 4,7 milhões de infectados -o maior número de
pessoas vivendo com o vírus HIV
no mundo-, agrava ainda mais o
problema. Muitas vítimas de estupro estão morrendo de Aids.
Johannesburgo, o centro comercial do país, ganhou fama de
"capital mundial do estupro".
Há denúncias de bebês de apenas alguns meses que morreram
ao ser estuprados, e muitas vítimas temem sofrer represálias do
estuprador e de amigos dele se denunciarem o crime à polícia.
Um site criado na Internet para
ajudar as vítimas de abuso sexual
(www.rape.co.za) diz que uma
mulher é estuprada na África do
Sul a cada 23 segundos, mas apenas 1 em 37 vítimas denuncia o
crime à polícia.
De acordo com um estudo realizado por autoridades municipais
de Johannesburgo, 1 em cada 4
sul-africanos cometeu o crime de
estupro antes de completar 18
anos. Cerca de 80% dos entrevistados acreditam que as mulheres
tenham sido responsáveis pela
violência sexual, e 30% disseram
que elas "pediram" para ser estupradas.
Dos 28 mil homens entrevistados, 1 em cada 5 acha que as mulheres gostaram do estupro.
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