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Pacifistas adotam tática de guerrilha
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Nova York viu ontem o início de
uma nova estratégia do movimento pacifista. Protestos de pequeno porte pipocaram pela cidade durante todo o dia, parando o
trânsito e bloqueando calçadas.
Depois das passeatas com milhares de pessoas, organizadas em
conjunto com a polícia, os pacifistas prometem a partir de agora
ações de guerrilha, com atos deliberados de desobediência civil em
manifestações para as quais não
pedirão permissão.
A mídia, por sua vez, não só não
foi avisada das manifestações como virou alvo dos atos.
O principal protesto bloqueou o
trânsito pela manhã na Quinta
Avenida, em frente ao Rockfeller
Center, região que tem escritórios
de diversas empresas de comunicação, como NBC, Time Warner,
Reuters e Associated Press.
Pintados com tinta vermelha
para imitar sangue e com fotos de
civis iraquianos mortos, os manifestantes deitaram-se no meio da
rua, simulando estarem mortos e
serem vítimas do conflito militar.
"Isso aqui foi focado na mídia.
Queremos mostrar a ela as implicações da guerra", disse o cozinheiro e ator Aaron Unger.
Os pacifistas nos EUA têm dito
que a mídia alimenta a guerra
com o espaço que dá ao conflito.
Agora, afirmam que pretendem
evitar que as pessoas levem uma
vida normal durante o confronto.
O protesto provocou caos no
trânsito pela manhã. Como os
manifestantes não se moviam, a
polícia arrastou vários deles para
fora da rua -199 foram detidos.
Mas a reação policial não assustou os manifestantes. Houve ao
menos nove outros protestos em
Nova York, segundo a coalizão
M27, que coordenou os atos. A
United for Peace and Justice, responsável pela passeata de 100 mil
pessoas no último sábado, disse
que planeja protestos parecidos.
As manifestações de ontem tiveram variados tamanhos. Em
Washington Square, a coalizão
pacifista diz que houve um ato
com 600 pessoas, a maioria estudantes da New York University.
Mas outro ato precisou de apenas
três mulheres para tumultuar a
entrada de uma loja da rede Tiffany -elas se deitaram na calçada após serem expulsas do lugar.
"O governo Bush não ouviu
nossa voz", diz Cheree Dillon,
coordenadora da M27. O manual
de sua organização prega que realizar um protesto é "fácil como
1,2,3". Por "1", entenda-se escolher um alvo, "qualquer rua lotada ou cruzamento". O segundo
passo é tomar o lugar até a polícia
chegar e então correr. Por fim, o
manual ironiza e aconselha: "Seja
esperto, fique longe da prisão".
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