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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Pacifistas adotam tática de guerrilha

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Nova York viu ontem o início de uma nova estratégia do movimento pacifista. Protestos de pequeno porte pipocaram pela cidade durante todo o dia, parando o trânsito e bloqueando calçadas.
Depois das passeatas com milhares de pessoas, organizadas em conjunto com a polícia, os pacifistas prometem a partir de agora ações de guerrilha, com atos deliberados de desobediência civil em manifestações para as quais não pedirão permissão.
A mídia, por sua vez, não só não foi avisada das manifestações como virou alvo dos atos.
O principal protesto bloqueou o trânsito pela manhã na Quinta Avenida, em frente ao Rockfeller Center, região que tem escritórios de diversas empresas de comunicação, como NBC, Time Warner, Reuters e Associated Press.
Pintados com tinta vermelha para imitar sangue e com fotos de civis iraquianos mortos, os manifestantes deitaram-se no meio da rua, simulando estarem mortos e serem vítimas do conflito militar.
"Isso aqui foi focado na mídia. Queremos mostrar a ela as implicações da guerra", disse o cozinheiro e ator Aaron Unger.
Os pacifistas nos EUA têm dito que a mídia alimenta a guerra com o espaço que dá ao conflito. Agora, afirmam que pretendem evitar que as pessoas levem uma vida normal durante o confronto.
O protesto provocou caos no trânsito pela manhã. Como os manifestantes não se moviam, a polícia arrastou vários deles para fora da rua -199 foram detidos.
Mas a reação policial não assustou os manifestantes. Houve ao menos nove outros protestos em Nova York, segundo a coalizão M27, que coordenou os atos. A United for Peace and Justice, responsável pela passeata de 100 mil pessoas no último sábado, disse que planeja protestos parecidos.
As manifestações de ontem tiveram variados tamanhos. Em Washington Square, a coalizão pacifista diz que houve um ato com 600 pessoas, a maioria estudantes da New York University. Mas outro ato precisou de apenas três mulheres para tumultuar a entrada de uma loja da rede Tiffany -elas se deitaram na calçada após serem expulsas do lugar.
"O governo Bush não ouviu nossa voz", diz Cheree Dillon, coordenadora da M27. O manual de sua organização prega que realizar um protesto é "fácil como 1,2,3". Por "1", entenda-se escolher um alvo, "qualquer rua lotada ou cruzamento". O segundo passo é tomar o lugar até a polícia chegar e então correr. Por fim, o manual ironiza e aconselha: "Seja esperto, fique longe da prisão".


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