São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2007

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Argentina encerra acordo com Londres nas Malvinas

Países cooperavam na exploração de petróleo no Atlântico Sul há mais de dez anos

Chanceler argentino diz que acordo era instrumento da "ação ilegítima" do Reino Unido; começo da guerra completa 25 anos no dia 2

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

A menos de uma semana do aniversário de 25 anos do início da Guerra das Malvinas, a Argentina, que ainda reclama a soberania das ilhas, pôs fim ao acordo que mantinha com o Reino Unido para a exploração de hidrocarbonetos no Atlântico Sul.
Para justificar o rompimento, o governo do presidente Néstor Kirchner invocou uma licitação pública convocada "unilateralmente" pelo Reino Unido na área de conflito.
"A decisão argentina põe fim a um instrumento com o qual o Reino Unido pretendeu justificar sua ação ilegítima", afirmou na noite de ontem o chanceler argentino, Jorge Taiana. "O acordo não trouxe vantagem nenhuma para nosso país."
Trata-se de um dos principais acordos existentes entre os dois países. Firmado em 1995 pelo presidente Carlos Menem com o então premiê britânico, John Major, o convênio estabelece regras para cooperação na exploração de recursos em zonas marítimas sujeitas a disputas de soberania. A área, perto das Malvinas e pouco explorada, é tida como potencialmente rica em petróleo. No entanto, nada ainda foi achado.
Segundo o chanceler argentino, a cooperação com o Reino Unido só faz sentido quando "contribuir para criar as condições propícias para retomar o diálogo sobre a questão de fundo, sem desconhecer a obrigação que pesa sobre ambos países de encontrar uma solução para a disputa de soberania".

Endurecimento
Os britânicos já esperavam que Kirchner subisse o tom em relação às ilhas -sobretudo por se tratar de ano eleitoral. Em outubro, os argentinos votarão para presidente.
Na semana passada, declarações do premiê britânico Tony Blair -que elogiou a ação de Margaret Thatcher no conflito bélico de 1982- foram mal recebidas pela Casa Rosada.
Ontem, a Argentina, que freqüentemente se queixa da falta de vontade de Londres para dialogar sobre o assunto, reiterou que não reconhece "o ilegítimo governo das ilhas Malvinas nem suas pretensas autoridades coloniais".
Na próxima segunda-feira completam-se 25 anos da tentativa fracassada do regime militar argentino de recuperar as ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul. Iniciada no dia 2 de abril de 1982, a guerra terminou em 14 de junho daquele ano.


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