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Argentina encerra acordo com Londres nas Malvinas
Países cooperavam na exploração de petróleo no Atlântico Sul há mais de dez anos
Chanceler argentino diz que acordo era instrumento da "ação ilegítima" do Reino Unido; começo da guerra completa 25 anos no dia 2
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
A menos de uma semana do
aniversário de 25 anos do início
da Guerra das Malvinas, a Argentina, que ainda reclama a
soberania das ilhas, pôs fim ao
acordo que mantinha com o
Reino Unido para a exploração
de hidrocarbonetos no Atlântico Sul.
Para justificar o rompimento, o governo do presidente
Néstor Kirchner invocou uma
licitação pública convocada
"unilateralmente" pelo Reino
Unido na área de conflito.
"A decisão argentina põe fim
a um instrumento com o qual o
Reino Unido pretendeu justificar sua ação ilegítima", afirmou
na noite de ontem o chanceler
argentino, Jorge Taiana. "O
acordo não trouxe vantagem
nenhuma para nosso país."
Trata-se de um dos principais acordos existentes entre os
dois países. Firmado em 1995
pelo presidente Carlos Menem
com o então premiê britânico,
John Major, o convênio estabelece regras para cooperação na
exploração de recursos em zonas marítimas sujeitas a disputas de soberania. A área, perto
das Malvinas e pouco explorada, é tida como potencialmente
rica em petróleo. No entanto,
nada ainda foi achado.
Segundo o chanceler argentino, a cooperação com o Reino
Unido só faz sentido quando
"contribuir para criar as condições propícias para retomar o
diálogo sobre a questão de fundo, sem desconhecer a obrigação que pesa sobre ambos países de encontrar uma solução
para a disputa de soberania".
Endurecimento
Os britânicos já esperavam
que Kirchner subisse o tom em
relação às ilhas -sobretudo por
se tratar de ano eleitoral. Em
outubro, os argentinos votarão
para presidente.
Na semana passada, declarações do premiê britânico Tony
Blair -que elogiou a ação de
Margaret Thatcher no conflito
bélico de 1982- foram mal recebidas pela Casa Rosada.
Ontem, a Argentina, que freqüentemente se queixa da falta
de vontade de Londres para
dialogar sobre o assunto, reiterou que não reconhece "o ilegítimo governo das ilhas Malvinas nem suas pretensas autoridades coloniais".
Na próxima segunda-feira
completam-se 25 anos da tentativa fracassada do regime militar argentino de recuperar as
ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e
Sandwich do Sul. Iniciada no
dia 2 de abril de 1982, a guerra
terminou em 14 de junho daquele ano.
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