São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Chávez debate "terrorismo da mídia" em reação à SIP

Encontro em Caracas discute liberdade de expressão

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Separados por alguns metros e por várias divergências, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e o governo venezuelano estão promovendo encontros paralelos em Caracas para discutir a liberdade de expressão na América Latina e, principalmente, na Venezuela de Hugo Chávez.
A SIP decidiu fazer a reunião em Caracas "para apoiar o trabalho da imprensa venezuelana", segundo afirmou o presidente da Comissão da Liberdade de Imprensa e de Informação da entidade, Gonzalo Marroquín, em declarações à agência de notícias EFE.
A tensa relação entre a SIP, que reúne várias das principais empresas de comunicação das Américas, e o governo venezuelano ficou ainda mais deteriorada no ano passado, quando Chávez não renovou a concessão da emissora de TV oposicionista RCTV, sob a justificativa de que esta apoiou o frustrado golpe de Estado contra ele em 2002. A medida provocou uma onda de protestos estudantis pelo país e gerou duras críticas fora da Venezuela.
O encontro começa hoje e será sediado no luxuoso hotel Caracas Palace, localizado na praça Altamira, um dos símbolos da oposição venezuelana. A programação prevê uma palestra do presidente da RCTV, Marcel Granier, e terá a recepção patrocinada pela emissora oposicionista Globovisión, que também apoiou o golpe e atualmente é o alvo principal dos ataques verbais de Chávez contra a imprensa venezuelana.
O presidente foi convidado a participar da abertura. Ontem, durante visita ao Brasil, Chávez não confirmou se atenderá ao convite, mas disse que "seguramente condenarão a Venezuela por violar a liberdade de expressão", segundo a EFE.

"Terrorismo midiático"
A cerca de 200 metros da reunião da SIP, em um centro cultural, o governo venezuelano deu início ontem ao Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático, que também terá atividades até o próximo domingo.
O programa inclui palestrantes cubanos e de outros países e vários funcionários de empresas de comunicação controladas pelo governo venezuelano, como o brasileiro Beto Almeida, da TV Telesur.
Os painéis terão temas como "Venezuela Sob Fogo" e "Os povos na luta contra o terrorismo midiático". Também será lançado o livro "A Formação da Mentalidade Submissa", do espanhol Vicente Romano.
Ontem, durante uma entrevista coletiva, Almeida disse que o Brasil tem uma "trágica experiência com o terrorismo midiático" e citou a morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954. "Ele foi derrubado e levado ao suicídio 30 dias após uma campanha midiática".
"O mais importante é que haverá um debate. Aqui, se estará dizendo que na Venezuela há uma ditadura, e no outro lado da rua estará um debate muito aberto sobre o que é o terrorismo em alguns meios de comunicação", disse Chávez. Segundo a organização do evento, porém, não está prevista a realização de nenhum debate com representantes da SIP.


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