|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chávez debate "terrorismo da mídia" em reação à SIP
Encontro em Caracas discute liberdade de expressão
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Separados por alguns metros
e por várias divergências, a SIP
(Sociedade Interamericana de
Imprensa) e o governo venezuelano estão promovendo encontros paralelos em Caracas
para discutir a liberdade de expressão na América Latina e,
principalmente, na Venezuela
de Hugo Chávez.
A SIP decidiu fazer a reunião
em Caracas "para apoiar o trabalho da imprensa venezuelana", segundo afirmou o presidente da Comissão da Liberdade de Imprensa e de Informação da entidade, Gonzalo Marroquín, em declarações à agência de notícias EFE.
A tensa relação entre a SIP,
que reúne várias das principais
empresas de comunicação das
Américas, e o governo venezuelano ficou ainda mais deteriorada no ano passado, quando
Chávez não renovou a concessão da emissora de TV oposicionista RCTV, sob a justificativa de que esta apoiou o frustrado golpe de Estado contra ele
em 2002. A medida provocou
uma onda de protestos estudantis pelo país e gerou duras
críticas fora da Venezuela.
O encontro começa hoje e será sediado no luxuoso hotel Caracas Palace, localizado na praça Altamira, um dos símbolos
da oposição venezuelana. A
programação prevê uma palestra do presidente da RCTV,
Marcel Granier, e terá a recepção patrocinada pela emissora
oposicionista Globovisión, que
também apoiou o golpe e atualmente é o alvo principal dos
ataques verbais de Chávez contra a imprensa venezuelana.
O presidente foi convidado a
participar da abertura. Ontem,
durante visita ao Brasil, Chávez
não confirmou se atenderá ao
convite, mas disse que "seguramente condenarão a Venezuela
por violar a liberdade de expressão", segundo a EFE.
"Terrorismo midiático"
A cerca de 200 metros da
reunião da SIP, em um centro
cultural, o governo venezuelano deu início ontem ao Encontro Latino-Americano contra o
Terrorismo Midiático, que
também terá atividades até o
próximo domingo.
O programa inclui palestrantes cubanos e de outros países e
vários funcionários de empresas de comunicação controladas pelo governo venezuelano,
como o brasileiro Beto Almeida, da TV Telesur.
Os painéis terão temas como
"Venezuela Sob Fogo" e "Os povos na luta contra o terrorismo
midiático". Também será lançado o livro "A Formação da
Mentalidade Submissa", do espanhol Vicente Romano.
Ontem, durante uma entrevista coletiva, Almeida disse
que o Brasil tem uma "trágica
experiência com o terrorismo
midiático" e citou a morte do
presidente Getúlio Vargas, em
1954. "Ele foi derrubado e levado ao suicídio 30 dias após uma
campanha midiática".
"O mais importante é que haverá um debate. Aqui, se estará
dizendo que na Venezuela há
uma ditadura, e no outro lado
da rua estará um debate muito
aberto sobre o que é o terrorismo em alguns meios de comunicação", disse Chávez. Segundo a organização do evento, porém, não está prevista a realização de nenhum debate com representantes da SIP.
Texto Anterior: Na selva: Defensor público diz que quadro de Betancourt é "delicado" Próximo Texto: Aliados: Sarkozy e Brown discutem crise financeira Índice
|