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Obama busca consolidar virada após reforma
Aprovação de pacote para o sistema de saúde pode virar marco para afastar democrata de Carter e aproximá-lo de Roosevelt
Presidente já conseguiu gravar seu nome na história das legislações sociais nos EUA, mas efeitos eleitorais são incertos, dizem analistas
Saul Loeb - 25.mar.10/France Presse
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O presidente Barack Obama cumprimenta simpatizantes em ato em defesa da reforma do sistema de saúde na Universidade de Iowa
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
A aprovação e ratificação da
reforma do sistema de saúde
americano na última semana
assegurou ao presidente Barack Obama mais do que a vitória em sua bandeira doméstica
número um. Também marcou
um potencial momento de virada política, que elevou expectativas de que a Casa Branca controlará a agenda política nos
EUA de forma mais decisiva daqui para a frente.
Já há sinais de ventos mais
favoráveis. Nos dias após a
aprovação da lei de reforma na
Câmara, no domingo passado,
Obama coroou a boa fase anunciando nova lei de apoio aos
mutuários e fechando complicado acordo com a Rússia sobre
redução de arsenais nucleares.
Por sua vez, os democratas
conseguiram avanços até na
empacada reforma financeira,
que passou na Comissão do Sistema Bancário do Senado.
Antes da vitória legislativa,
Obama viu sua popularidade
cair de 63% em janeiro para
47% hoje, segundo a média das
pesquisas tabulada pelo site
Real Clear Politics. A deterioração das relações partidárias
praticamente engessou o Congresso. Para os que esperavam
recuperação econômica rápida,
seu pacote de estímulo de US$
787 bilhões decepcionou. Obama ainda testemunhou o crescimento de movimentos opositores ultraconservadores e passou a ser classificado como socialista por defender maior papel do governo na sociedade.
Agora, além do status de vencedores dos democratas e do
golpe na autoestima republicana, o significado da lei da saúde
em si pode transformar a relação de forças no governo. A reforma, que levará planos de
saúde a mais 32 milhões de pessoas, vem sendo considerada a
maior legislação social dos
EUA desde a criação da seguridade social, nos anos 1930. É
também a maior mudança no
sistema de saúde desde 1965.
Síndrome de Carter
Especialistas concordam
que, na melhor das hipóteses,
Obama entrou para a história
como um dos presidentes que
mais contribuíram para a rede
de segurança social no país. Na
pior, evitou entrar para a categoria dos líderes que não conseguem promover suas agendas -apelidada entre analistas
de "síndrome de Jimmy Carter" (democrata que governou
o país entre 1977 e 1981 e não
conseguiu se reeleger).
Alexander Keyssar, analista
político da Universidade Harvard, é um dos partidários da
segunda opção. Ele diz que
Obama precisou ceder em muitos pontos para aprovar a lei,
como na ideia de agência de seguros pública. "Obama não teve
uma grande vitória, mas evitou
uma grande derrota. Há poucos
meses, percebia-se um sério
risco de paralisia no governo",
disse Keyssar à Folha.
Ainda assim, o analista vê
efeitos de longo prazo. "A aprovação da reforma despertou o
apetite de Obama por vitórias.
Ele escolheu conseguir aprovações em detrimento da ação bipartidária. Nesse sentido, é
realmente uma virada."
Comentaristas mais progressistas vão além. Michael Cohen, da New America Foundation, afirmou à Folha crer que
a reforma do sistema da saúde
"eleva Obama ao patamar de
[os ex-presidentes democratas] Lyndon Johnson [1963-1969, que ratificou a lei dos direitos civis] e Franklin Delano
Roosevelt [1933-1945, que instituiu a seguridade social]".
"O que quer que aconteça no
resto de seu mandato, essa provavelmente será sua conquista
mais impressionante. É certamente a mais significativa vitória democrata que eu já testemunhei na vida", diz Cohen.
Sobre os efeitos da reforma
nas eleições legislativas e nos
índices de popularidade de
Obama, poucos se arriscam a
fazer previsões. Segundo a média do Real Clear Politics,
atualmente 50,7% dos americanos desaprovam a reforma,
contra 39,4% que a aprovam. E
dada a forte campanha contra
dos republicanos, não há garantias de que o discurso de vitória democrata será o preponderante até novembro.
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