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CHOQUE NA FRANÇA
Diversos institutos desistem de fazer projeções para o 2º turno; França tem atos contra Le Pen
Pesquisa dá 81% dos votos para Chirac
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O presidente Jacques Chirac deve alcançar 81% dos votos, e o
candidato de extrema direita
Jean-Marie Le Pen terá 19% no segundo turno das eleições francesas, no próximo domingo, segundo pesquisa do instituto CSA. Le
Pen caiu 4 pontos, em relação à
sondagem anterior do instituto.
A pesquisa foi divulgada pelo
jornal "Le Parisien" na sua edição
de ontem, quando novas manifestações contra Le Pen foram realizadas no país. O prefeito de Paris,
Bertrand Delanoë, participou de
passeata, ao lado das atrizes Jane
Birkin e Isabelle Adjani.
A pesquisa do CSA é uma das
raras divulgadas até agora sobre o
segundo turno. Os institutos de
opinião foram colocados em xeque na França, depois que erraram para o primeiro turno.
Todos eles minimizaram o
avanço de Le Pen e apontaram em
sucessivas sondagens que Chirac
competiria com o primeiro-ministro Lionel Jospin. Muitos eleitores se abstiveram ou dispersaram seus votos entre partidos menores, achando que o segundo
turno já estava definido e que Le
Pen não representava risco.
Jospin foi eliminado, e pela primeira vez um candidato de extrema direita concorre no segundo
turno das eleições presidenciais.
Um grupo de jornalistas e outros profissionais estão processando os quatro principais institutos franceses -CSA, Ipsos, Ifop
e BVA, que se apresentam à Justiça na terça-feira. O grupo defende
que os institutos passem a divulgar de maneira precisa sua metodologia, as cifras brutas obtidas e
as margens de erro.
O co-presidente do Ipsos, Jean-Marc Lech, disse à Folha que o
método baseado em cotas populacionais a partir do censo, e não
em entrevistas ao acaso, "exclui a
margem de erro e é o melhor do
mundo".
O canal público de televisão
France 2 decidiu não divulgar nenhuma pesquisa eleitoral, assim
como a emissora Radio France. O
jornal "Libération" também
anunciou ontem que não vai encomendar sondagens. O jornal
"Le Figaro" deve divulgar uma
pesquisa amanhã. Os institutos
Ifop, Sofres e Louis Harris disseram que não estão realizando
sondagens.
O instituto Sofres afirmou que
existe um debate interno sobre o
assunto, reconhecendo que "não
se pode ignorar os efeitos" das
pesquisas sobre a abstenção e sobre o voto dos franceses.
O jornal "Le Parisien" notificou
que sua pesquisa teve por objetivo
acabar com rumores que se espalharam nas redações do país e pela internet de que uma sondagem
encomendada pelo governo constatava que 42% de votos seriam
dados a Le Pen. O governo confirmou a realização de uma "mensuração de opinião", para uso interno, mas na qual Le Pen teria no
máximo 30% dos votos.
"Sentimos que Le Pen sobe lentamente, mas com firmeza, depois de domingo, com a sua diabolização e vitimização tendo importante papel nessa escalada",
afirmou um funcionário do governo ao "Libération".
Ontem, mais de 80 organizações
convocaram para a "mobilização
cidadã e republicana" na França,
contra a extrema direita. A manifestação foi considerada um ensaio para os megaprotestos que
deverão ser realizados em Primeiro de Maio, Dia do Trabalho. Vários artistas participaram em Paris. Jane Birkin declarou que vai
votar em Jacques Chirac.
As manifestações, que continuam hoje, foram consideradas
de alto risco pela polícia francesa.
Ela tomou medidas excepcionais
de segurança no país.
A mobilização contra Le Pen
culmina em ato no Dia do Trabalho, quando está previsto um megaprotesto em Paris, à tarde. No
mesmo dia, pela manhã, a Frente
Nacional, partido de Le Pen, faz
uma passeata em homenagem a
Joana d'Arc.
Com agências internacionais
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