São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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"EIXO DO MAL"

Segundo diário israelense, país recebeu artefatos da Coréia do Norte; acaba hoje prazo dado pela ONU a Teerã

Mísseis do Irã alcançam Europa, diz jornal

Irna/France Presse
O presidente Ahmadinejad é cercado ao chegar à cidade de Zanjan, no oeste do Irã, na véspera do fim do prazo da ONU para que o país suspenda programa nuclear

DA REDAÇÃO

O Irã recebeu seu primeiro lote de mísseis terra-terra BM-25 capazes de atingir alvos em países da Europa Central, entre eles Romênia, República Tcheca e até a Itália. A afirmação é do chefe da inteligência do Exército de Israel, o major general Amos Yadlin, e foi divulgada ontem pelo jornal israelense "Haaretz", um dia antes do término do prazo dado pela ONU para que o Irã interrompa seu programa nuclear, sob o risco de sofrer sanções internacionais
Os mísseis que teriam chegado a Teerã vindos da Coréia do Norte, têm alcance de 2.500 km e capacidade de levar ogivas nucleares. As informações foram atribuídas a autoridades israelenses que falaram sob anonimato por não estarem autorizadas a tratar do assunto com a imprensa. Em fevereiro, um diplomata da Alemanha já havia dito que os iranianos estavam negociando a compra de 18 unidades do BM-25.
Na quarta-feira o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou atacar interesses dos Estados Unidos ao redor do mundo caso Washington lance uma ofensiva militar ao país.
Os mísseis representam uma ampliação do poderio bélico do Irã, Yadlin. Atualmente, os mísseis mais potentes - o Shahab 3 e o Shahab 4 - alcançam alvos a até 1.300 e 2.000 km. Ambos são capazes de atingir Israel.
Fabricado pela antiga União Soviética - sob o nome de SS-N-6 - os BM-25 foram vendidos para a Coréia do Norte e lá, adaptados para carregar cargas mais pesadas, disse o "Haaretz".

Fim do prazo
O Irã está sob forte pressão internacional para desistir de seu programa nuclear. Hoje se encerra o prazo dado pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU para que Teerã suspenda seu processo de enriquecimento de urânio. EUA, Grã-Bretanha e França defendem a adoção de algum tipo de sanção caso o Irã não atenda à solicitação. Rússia e China, os outros dois membros permanentes do conselho, se opõem até agora a qualquer embargo. Hoje a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) apresenta ao CS um relatório crítico ao Irã.
"Para que tenha credibilidade, é claro que o Conselho de Segurança tem de agir", disse ontem na Bulgária a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice.
No Irã, o presidente Mahmoud Ahmadinejad voltou a dizer que o país não abandonará o processo de enriquecimento, que segundo ele visa apenas a geração de energia. Potências ocidentais temem que o objetivo real dos iranianos seja a construção de bombas atômicas.
"Obtivemos tecnologia para a produção de combustível nuclear (...) Ninguém pode tirar isso da nossa nação", disse Ahmadinejad em um evento na região nordeste do Irã. "Se vocês pensam que fazendo cara feia para nós, que aprovando resoluções (...) vocês podem impôr alguma coisa à nação iraniana ou forçá-la a abandonar seus direitos óbvios, vocês ainda não conhecem o poder que temos", declarou ele.
Apesar do discurso de Ahmadinejad, o Irã apresentou ontem à AIEA mais dados sobre seu programa, num esforço de última hora para amenizar o tom do relatório. Diplomatas duvidavam, entretanto, que isso pudesse surtir algum efeito.

Com agências internacionais

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