São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Trabalhista fecha acordo para compor aliança do premiê Olmert e ocupará cargo que já foi de Rabin e Sharon

Sindicalista será ministro da Defesa de Israel

ERIC SILVER
DO "INDEPENDENT"

Um ex-sindicalista será o próximo ministro da Defesa de Israel. Amir Peretz, 54, presidente do Partido Trabalhista, assinou ontem acordo para compor a coalizão que está sendo montada pelo Kadima, do premiê Ehud Olmert, que venceu as eleições parlamentares de março.
Peretz já foi prefeito de um município pequeno e, quando no serviço militar, atingiu a patente de capitão numa unidade não-combatente. Tornar-se ministro da Defesa não era o que o líder trabalhista esperava ao fazer a campanha de seu partido centrada numa plataforma social.
É inevitável que perguntas comecem a ser feitas sobre a entrega a um civil de uma cadeira já ocupada pelos generais Moshe Dayan, Ariel Sharon, Ehud Barak e Shaul Mofaz. Sobretudo numa época em que Israel sofre os desafios do Hamas, que dirige a Autoridade Nacional Palestina, e do Irã, que representa uma ameaça virtual no campo nuclear.
Os críticos da indicação de Peretz dizem que, no fundo, as coisas até combinam. Afinal, o primeiro-ministro Ehud Olmert fez seu serviço militar como repórter do jornal do Exército. Não foi um estrategista ou um combatente.
Um parlamentar da oposição conservadora, Aryeh Eldad, que é também general da reserva, advertiu que seus concidadãos podem estar entrando "num período muito perigoso", com esses dois amadores em questões de segurança no comando do Estado.
"O escalão político não dispõe das ferramentas para examinar as alternativas propostas pelo escalão militar", afirmou.
Mas Moshe Arens, um engenheiro aeronáutico que foi ministro da Defesa em gabinetes do Likud nos anos 80 e 90, acredita que há também pontos positivos na nomeação de um civil.
"Um civil chega como um quadro negro em que nada ainda foi escrito. Ele pode analisar as coisas mais abertamente, com maior flexibilidade", disse. Afirmou também que um ministro civil não tem uma visão preconcebida sobre a organização interna das Forças Armadas, sobre seu funcionamento, sobre o tipo de operação que ela deve cumprir e sobre seus conhecidos nela envolvidos.
Mesmo assim, a questão embaraçosa, até para os que concordam com o argumento de Arens, está na dúvida sobre o fato de Peretz se enquadrar no figurino. Se ele der certo, que ele possa ambicionar chegar a primeiro-ministro. Mas se ele fracassar, os eleitores não darão a ele uma segunda chance.

Composição da maioria
Além do acordo com os trabalhistas, Olmert assinou ontem também com o Partido dos Aposentados, que elegeu sete deputados. Com isso, já dispõe de 55 das 120 cadeiras do Knesset.
Outros pequenos partidos deverão ser convidados para compor o novo governo, que, segundo Olmert, terá como prioridade a definição das fronteiras entre Israel e a Cisjordânia e a abertura de um diálogo -se possível, em razão do Hamas- com os palestinos.
A formação do novo gabinete deverá ser anunciada o mais tardar no início da semana que vem, segundo porta-vozes do premiê.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Peru: García chama Chávez e Morales de "malcriados"
Próximo Texto: Europa: Mãe alemã que matou 9 de seus bebês é julgada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.