São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

Próximo Texto | Índice

Austríaca pode ter sido refém sexual 24 anos

Elisabeth Fritzl, 42, e três filhos que teve com seu próprio pai e captor, foram libertados de cativeiro em Amstetten no sábado

À polícia, a mulher contou ter sido repetidamente violentada pelo pai, que lhe deu sete filhos; crianças não iam à escola ou ao médico


Helmut Stamberg/Associated Press
Casa onde ficava o cativeiro de Elisabeth Fritzl, em Amstetten

DA REDAÇÃO

Aparentando "grande perturbação" psicológica, a austríaca Elisabeth Fritzl, de 42 anos, contou à polícia ter sido mantida prisioneira durante 24 anos por seu pai, Josef Fritzl, que a violentou seguidamente e lhe deu sete filhos.
Elisabeth, que estava desaparecida desde 29 de agosto de 1984, também declarou ter permanecido sedada durante o período do encarceramento, que ocorreu num porão da casa do pai, na cidade de Amstetten (120 km a oeste de Viena).
Segundo a polícia, ela era mantida prisioneira juntamente com três dos filhos, que não recebiam atendimento médico nem freqüentavam a escola. Tinham acesso apenas a roupas e comida de tempos em tempos.
As outras três crianças eram criadas pelo pai, hoje com 73 anos, que aparentemente convenceu sua mulher, Rosemarie, de que elas foram abandonadas por Elisabeth (em 1993, 1994 e 1997) na porta de casa, acompanhadas de uma carta. Rosemarie provavelmente não estava a par do que ocorria.
Uma sétima criança morreu pouco após o nascimento. Segundo o depoimento de Elisabeth à polícia, o pai teria incinerado o corpo. As outras seis crianças têm hoje entre 5 e 20 anos.
Segundo a polícia da Baixa Áustria, um mês antes de desaparecer, Elisabeth enviou uma carta a seus pais pedindo para que não a procurassem mais. As autoridades suspeitavam de que tivesse caído nas mãos de alguma seita.
Franz Polzer, diretor do Departamento de Assuntos Criminais da Baixa Áustria, afirmou que Josef está sob custódia da polícia, mas não admitiu ter cometido nenhum crime. Serão feitos testes de DNA para comprovar a paternidade.
A polícia localizou Elisabeth e seu pai no sábado à noite, depois de ter seguido uma pista. Josef havia libertado Elisabeth e dois de seus três filhos, dizendo a sua mulher que a filha havia decidido voltar para eles.
Mas o caso só veio à tona depois que a mais velha, Kerstin, foi internada no hospital de Amstetten gravemente doente, no final de semana retrasado, e hoje está em situação crítica.
Teve início, então, "a busca pela mãe, para procurar mais detalhes sobre a garota". Elisabeth só concordou em falar depois que as autoridades lhe asseguraram que não teria mais contato com o pai e que seus filhos estariam sob cuidados.

O cativeiro
A polícia descobriu ontem o cativeiro. Ele é aberto por um sistema elétrico, acionado por um código secreto revelado por Josef às autoridades. "Não há um único cômodo, mas vários: um para dormir, um para cozinhar, além de instalações sanitárias", disse Polzer.
Os vizinhos expressaram horror com a história . "Para mim, [Josef] era um homem idoso, de cabelos grisalhos, que olhava de vez em quando pela janela", disse uma vizinha. A família "tinha uma piscina no jardim, e com freqüência ouvíamos as risadas" das três crianças, disse outra vizinha.

O caso Natascha
Há menos de dois anos, os austríacos ficaram chocados com o caso de Natascha Kampusch. Ela tinha dez anos quando foi seqüestrada em Viena ao ir para a escola, em março de 1998. Ficou encarcerada em um porão por oito anos e meio por Wolfgang Priklopil, que morava em um subúrbio tranqüilo da capital. Ele se jogou diante de um trem horas depois de Kampusch ter conseguido escapar de seu cárcere.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Raúl Castro anuncia que vai aumentar pensões
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.