São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009 |
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OMS aumenta alerta contra gripe suína
Organização Mundial da Saúde admite que não é mais possível conter propagação da doença e recomenda foco em efeitos
MARCELO NINIO DE GENEBRA A Organização Mundial da Saúde confirmou ontem 73 casos da gripe suína em quatro países e, diante do alto risco de propagação do vírus para outras regiões, decidiu elevar o seu nível de alerta pandêmico de 3 para 4, numa escala até 6. A organização confirmou 26 casos no México, 40 nos EUA, seis no Canadá e um na Espanha. Pelo menos outros 12 países investigam casos de suspeita da doença, incluindo o Brasil. A contagem oficial da OMS não incluía, ontem, os dois casos confirmados pelo Reino Unido. Após mais de cinco horas reunido na sede da organização, em Genebra, o Comitê de Emergência da OMS anunciou suas três principais decisões: subir o nível de alerta pandêmico, descartar restrições a viagens e manter o foco na redução dos efeitos do vírus, já que sua contenção já não é considerada possível. "A mudança para uma fase mais elevada do alerta indica que a possibilidade de uma pandemia aumentou, mas não que ela é inevitável", disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. Ela explicou que a fase 4 indica que o vírus mostrou capacidade de transmissão entre seres humanos e de causar surtos de contágio. No fim de semana, a organização já havia declarado estado de emergência internacional e levantado a hipótese de que o vírus da gripe suína se transforme em pandemia global. Ontem este risco foi intensificado. Esta é a primeira vez que a OMS coloca o alerta no nível 4 desde que a escala foi criada, em 2005, devido à gripe aviária. O grau 5 indica que há focos em mais de dois países de uma mesma região, e o 6 que a pandemia é oficial. Keiji Fukuda, diretor-geral assistente da organização, justificou a decisão de não recomendar o fechamento de fronteiras e as restrições a viagens afirmando que tais medidas não teriam impacto significativo para conter a propagação do vírus e perturbariam o fluxo de pessoas e mercadorias. Ele confirmou que aspectos políticos e econômicos foram levados em consideração, mas disse que os principais critérios foram "técnicos". Sobre a decisão da União Europeia de recomendar que seus cidadãos evitem viagens a México e EUA, Fukuda disse que entende a preocupação, mas que, do ponto de vista da saúde pública, não há motivo para a medida. Fukuda deixou claro, porém, que a recomendação para evitar viagens se aplica a pessoas já infectadas. Muitas dúvidas Apesar da proximidade com o México, onde está o foco do surto, Fukuda disse que a América Latina não pode ser considerado um alvo preferencial. "Nesta era de viagens globais, nenhuma região está imune. E se movermos o nível de alerta para pandemia, todos os paises do mundo estarão expostos." A OMS decidiu ainda intensificar a parceria com laboratórios para o desenvolvimento de uma vacina contra a gripe suína, que segundo Fukuda pode levar de quatro a seis meses. A prioridade no momento, disse ele, é que todos os países implementem programas de vacinação contra gripe comum. Causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1, a gripe suína é uma doença respiratória transmitida de pessoa para pessoa. Os infectados apresentam sintomas semelhantes aos da gripe comum, como febre e dor no corpo, mas também vômitos e diarréia mais severos. Desde os primeiros alertas de casos no sul da Califórnia (EUA) e no México, na quinta-feira passada, a OMS acionou o seu centro de operações para monitorar o vírus. A organização admite que ainda há muitas perguntas sem resposta. "O vírus já era conhecido", disse à Folha a epidemiologista Shindo Nikki, do programa global de influenza, da OMS. "O que não sabemos é porque ele tendo casos tão severos no México, enquanto apresenta formas brandas em outros países. Ninguém sabe a resposta". Nos casos confirmados ontem por Espanha e Reino Unido, os doentes haviam viajado ao México. Próximo Texto: EUA desaconselham viagens ao México; Europa, aos dois países Índice |
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