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Paraguai detém 2 brasileiros após atentado
Ataque a senador aconteceu sob estado de exceção em cidade marcada pelo tráfico de drogas situada na fronteira com Ponta Porã
Polícia paraguaia investiga elo entre suspeitos e o PCC; carro supostamente usado na ação era clone de outro, que tem placas de São Paulo
Daniel Figueredo/Reuters
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Criminosos dispararam dezenas de vezes contra veículo de senador paraguaio; o motorista e o guarda-costas morreram na hora
DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Dois brasileiros foram presos
no Paraguai suspeitos de envolvimento na tentativa de assassinato do senador Robert Acevedo, anteontem, na cidade de
Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã (MS).
Os suspeitos são Eduardo da
Silva e Marcos Cordeiro Pereira -o segundo com antecedentes no Brasil por roubo e narcotráfico. Segundo a procuradora
paraguaia Lourdes Peña, que
comanda as investigações, há
indícios de que os dois sejam
integrantes da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).
Pedro Juan Caballero é epicentro de uma das maiores zonas produtoras de maconha da
América do Sul e entreposto da
cocaína da Bolívia com destino
ao mercado brasileiro e argentino. É ainda capital do departamento (Estado) de Amambay, 1 dos 5 do país sob estado
de exceção desde sábado.
O ataque ao senador foi anteontem à tarde, a três quarteirões da casa dele. Ele estava no
carro quando atiradores abriram fogo -foram ao menos 30
tiros. O motorista e um guarda-costas morreram na hora.
O senador, porém, conseguiu
sair do carro e escapar. Ele foi
atingido em um braço e, de raspão, na cabeça. Acevedo passa
bem, mas segue em observação
no Hospital São Lucas, de onde
falou à Folha. Ele afirma que
um informante o avisou da
oferta de US$ 300 mil a "pistoleiros" para matar uma autoridade. Ele diz acreditar que os
criminosos sejam fora, porque
não o reconheceram. Acevedo,
ex-governador de Amambay, e
o seu irmão, José, prefeito de
Pedro Juan Caballero, denunciam com frequência o tráfico.
Em 2004, a polícia brasileira
descobriu um plano para assassinar o senador e o juiz federal
Odilon de Oliveira, responsável
por condenar mais de cem traficantes da região. Desde então,
Oliveira foi para Campo Grande, e Acevedo anda escoltado.
Horas antes do ataque de segunda-feira, Acevedo havia desafiado os traficantes a enfrentá-lo, em declarações a uma rádio. "Se são machos, venham à
minha casa, bandidos. Não irão
me pegar os narcos de merda."
Não há confirmação sobre as
circunstâncias da captura dos
brasileiros. Ontem, os investigadores foram à casa em que
eles moravam e acharam vestígios de maconha e oito carros
com placas brasileiras e paraguaias cujas origens estão sendo averiguadas. O dono do imóvel, brasileiro, está foragido.
Outra pista na investigação
do crime é uma caminhonete
Ranger cinza encontrada carbonizada perto do local, horas
depois. Segundo Peña, dentro
dela, foram apreendidas cápsulas de metralhadoras. Levantamento realizado no Brasil, diz
Peña, revelou que o veículo teve as placas de São Paulo clonadas de outro carro, com queixa
de roubo, que é do banco Itaú.
Os suspeitos capturados não
falaram às autoridades paraguaias, ainda segundo Peña.
Os dois podem ficar até seis
meses presos -prazo para conclusão da investigação. Eles foram indiciados por homicídio e
associação para o crime.
Ontem, a polícia encontrou
os corpos de dois primos a 90
km da fronteira. A eventual relação dos casos é investigada.
O estado de exceção foi decretado a pedido do presidente
Fernando Lugo com intuito de
conter outra quadrilha, o EPP
(Exército do Povo Paraguaio).
O ministro do Interior, Rafael
Filizzola, disse que o ataque faz
a "sociedade tomar consciência
da situação do país".
(GABRIELA MANZINI E GRACILIANO ROCHA)
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