São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2011

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Grupos rivais palestinos anunciam acordo e eleição

Laico Fatah e islâmico Hamas prometem encerrar conflito; Israel critica

Mediação do Egito, agora sem o ditador Hosni Mubarak, foi fundamental para que houvesse entendimento

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Os principais partidos palestinos, o laico Fatah e o islâmico Hamas, anunciaram ontem acordo para pôr fim a quatro anos de confronto e formar um governo de unidade interino.
O entendimento foi feito no Egito. Ainda não estão definidos todos os detalhes do acordo, mas foi adiantado que a meta é realizar eleições em menos de um ano.
"Concordamos em formar um governo composto por figuras independentes, que prepararão as eleições presidenciais e parlamentares", disse Azzam al-Ahmad, principal negociador do Fatah.
Mais uma vez as negociações foram intermediadas pelo Egito, mas foi a primeira vez que isso ocorreu após a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro.
A mudança no Egito foi um dos motivos do sucesso das negociações, já que Mubarak não era visto pelo Hamas como mediador neutro.
O maior adversário de Mubarak, afinal, era a Irmandade Muçulmana, grupo que serviu de inspiração para a criação do próprio Hamas.
A influência da chamada "primavera árabe" não para por aí: nas últimas semanas palestinos foram às ruas em Gaza (controlada pelo Hamas) e na Cisjordânia (pelo Fatah) para pedir o acordo.
No topo das muitas dúvidas que persistem está a questão da segurança. Fatah e Hamas passaram os últimos meses trocando acusações de prisões em série de ativistas rivais.
Em entrevista à TV Al Jazeera, Ghazi Hamad, do alto escalão do Hamas em Gaza, afirmou que os procedimentos de segurança devem ficar como estão por enquanto.
Mahmoud Azahar, um dos líderes do grupo, disse que haverá libertação de presos.

ISRAEL
Israel reagiu com dureza ao surpreendente acordo. O premiê Binyamin Netanyahu disse que o Fatah tem que escolher: ou faz a paz com Israel, ou com o Hamas.
"O Hamas aspira a destruir Israel e dispara foguetes contra nossas cidades, nossas crianças", disse Netanyahu.
Com histórico de dezenas de atentados terroristas contra civis israelenses, o Hamas chegou ao poder em 2006, quando ganhou a eleição palestina. Mas a vitória não foi reconhecida por EUA e União Europeia, que impuseram um boicote, por sua recusa em reconhecer Israel.
Divergências internas sobre como partilhar o poder palestino, principalmente a segurança, levaram a uma miniguerra civil em 2007, quando o Hamas expulsou o Fatah de Gaza.
O Hamas abandonou os homens-bomba, mas faz vista grossa para os disparos de foguetes contra Israel.
O governo dos EUA reagiu friamente ao acordo anunciado ontem, dizendo que apoia "uma reconciliação que promova a paz".


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