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HISTÓRIA OFICIAL
Transcrição de telefonema, liberado após 30 anos, confirma participação dos EUA na deposição de Allende
Kissinger e Nixon comentaram ajuda ao golpe no Chile
DA REDAÇÃO
Num telefonema entre Henry
Kissinger, então assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, e
Richard Nixon, presidente americano de 1969 a 1974, Kissinger disse que os EUA teriam ajudado a
criar as condições para o golpe
militar que derrubou Salvador
Allende, presidente socialista chileno, em 11 de setembro de 1973.
Transcrições do diálogo permaneceram secretas por mais de 30
anos e foram finalmente divulgados anteontem, no site do Arquivo Nacional de Segurança.
Kissinger disse que os jornais
estariam "sangrando porque um
governo pró-comunista foi derrubado. Quero dizer, em vez de celebrar... No período de Eisenhower,
seríamos heróis", afirmou.
Dwight D. Eisenhower foi presidente dos EUA de 1953 a 1961, em
plena Guerra Fria.
"Bem, nós não (...), como você
sabe, nossas mãos não aparecem
neste caso", respondeu Nixon.
"Nós não o fizemos. Quero dizer,
nós os ajudamos (...) criamos as
melhores condições possíveis
(...)", replicou Kissinger.
"Isso é certo", concluiu Nixon,
de acordo com o documento.
O diálogo aconteceu em 16 de
setembro de 1973, cinco dias após
o general chileno Augusto Pinochet liderar o golpe militar contra
Allende. Cerca de 3.000 pessoas
morreram ou desapareceram durante a ditadura militar chilena,
que durou cerca de 17 anos.
Segundo Peter Kornbluh, especialista em Chile do Arquivo Nacional de Segurança, o documento é uma "prova cabal, nas palavras do próprio Kissinger, de que
a administração Nixon contribuiu diretamente para criar o clima que possibilitou o golpe".
No mesmo ano de 1973, quando
esteve no Congresso logo após ser
indicado secretário de Estado dos
EUA, Kissinger negou participação no golpe contra Allende.
Nas últimas décadas, Kissinger
tem sido freqüentemente acusado
de envolvimento com os regimes
ditatoriais da América Latina dos
anos 1970. Ele teria, por exemplo,
ajudado a Operação Condor, uma
aliança entre as ditaduras sul-americanas, entre elas o Brasil, a
Argentina, o Uruguai e o Chile,
para perseguir opositores.
Há, inclusive, acusações contra
Kissinger em processos judiciais,
além de pedidos de extradição.
Anteontem, o Arquivo Nacional de Segurança, um instituto de
pesquisa de Washington que
guarda documentos oficiais, liberou 20 mil páginas de gravações
de conversas telefônicas de Kissinger entre 1969 e 1974.
Com agências internacionais
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