São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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Tremor na Indonésia deixa 3.500 mortos

No mais grave desastre natural no arquipélago desde o tsunami de 2004, 2.900 ficaram feridos e 200 mil desabrigados

Epicentro foi perto da cidade histórica de Yogyakarta, na ilha de Java; UE libera US$ 3,8 milhões em ajuda e ONU envia equipe de resgate

Tarko Sudiarno/France Presse
Moradores de Yogyakarta tentam remover os destroços de cima de um veículo após o terremoto


DA REDAÇÃO

Um terremoto de 6,2 graus na escala Richter (que varia de 1 a 9 graus) atingiu no início da manhã de ontem a ilha de Java, na Indonésia, matando 3.505 pessoas e deixando pelo menos 2.900 feridos, segundo números oficiais. Cerca de 200 mil pessoas estão desabrigadas por causa deste que foi o pior desastre natural a atingir o arquipélago desde o tsunami de dezembro de 2004.
O tremor teve início às 5h54 (21h54 de sexta-feira em Brasília), quando a população ainda dormia, perto da cidade histórica de Yogyakarta, localizada na Província densamente povoada de Java Central.
Casas, hotéis e prédios do governo em Yogyakarta e em cidades próximas foram atingidos. Estradas e pontes foram destruídas, dificultando o acesso de caminhões repletos de feridos aos hospitais da região.
"Está tudo escuro. Temos que usar velas e estamos sentados na rua agora. Estamos muito apavorados para dormirmos em casa. As rádios estão dizendo que ainda haverá mais terremotos. Ainda sentimos os tremores", afirmou à agência Reuters Tjut Nariman, que mora na periferia de Yogyakarta.
No distrito de Bantul, que concentra dois terços do total de mortos, as equipes de resgate tentavam retirar os corpos de dentro de edifícios destruídos, enquanto moradores abriam valas comuns. "Eu não tinha como ajudá-la", disse Subarjo, 70, sentado ao lado do corpo da mulher.
Os médicos se esforçavam para tratar os feridos, centenas dos quais estavam estirados sobre plásticos ou mesmo sobre jornais do lado de fora de hospitais superlotados. Alguns recebiam soro intravenoso de tubos pendurados em árvores.
"Precisamos de ajuda aqui", afirmou Kusmarwanto, do hospital Muhammadiyah, o mais próximo do epicentro.
Só nesse hospital havia 39 corpos. Perto dali, no hospital Dr. Sardjito, havia outros 60. A maior parte dos mortos estava alinhada no saguão, e seus familiares acabavam levando-os para suas casas antes que fossem incluídos nas estatísticas.
"Temos centenas de pessoas feridas, e nossa unidade de emergência está sobrecarregada", afirmou um médico.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono chegou à Província na tarde de ontem, com vários ministros, para acompanhar as operações de resgate.
O tremor também atingiu o aeroporto de Yogyakarta, que permanecia fechado. Na cidade localiza-se o templo budista de Borobudur o maior do Sudeste Asiático. Não há informações precisas se foi atingido.
No caos que se seguiu ao terremoto, falsos rumores de um tsunami levaram milhares de moradores de Yogyakarta -que fica a 30 km do mar- a fugirem em carros e motos em busca de regiões mais elevadas.
O epicentro do terremoto se deu perto do vulcão Monte Merapi, que havia semanas estava lançando gás e cinzas.
A atividade aumentou ontem, e, em seguida ao terremoto, houve uma erupção, que lançou rochas a 3,5 km de distância. Mas Bambang Dwiyanto, do Ministério de Minas e Energia, afirmou que os dois eventos aparentemente não têm relação direta.
Quase todos os moradores da região próxima do Monte Merapi já haviam sido retirados, e não havia registros de feridos em decorrência da erupção.

Ajuda
A União Européia anunciou que irá destinar US$ 3,8 milhões [R$ 8,5 milhões] para ajudar as vítimas do terremoto e estuda ceder especialistas em buscas e resgates.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou o envio de uma equipe de resgate à região para ajudar nas buscas.
Maior arquipélago do mundo, a Indonésia é freqüentemente atingida por tremores por estar situada no Anel de Fogo, um cinturão de vulcões que circunda o oceano Pacífico.
Em dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,1, com epicentro ao longo da costa da ilha indonésia de Sumatra, provocou um tsunami que matou mais de 131 mil pessoas na Província de Aceh. Outras 100 mil pessoas morreram em países próximos.
Yogyakarta, a cerca de 2.230 km a sudeste de Aceh, não foi atingida, à época, pelas ondas do tsunami.


Com agências internacionais.


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