São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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Repressão a protesto fere 121 na Espanha

Manifestantes acampam em praça de Barcelona há 13 dias, em ato contra a crise econômica e política do país

Ativistas adotam tática de resistência pacífica e reúnem 12 mil à noite em "panelaço" contra a truculência policial


Albert Gea/Reuters
Barcelona Policiais retiram da praça Catalunha manifestantes acampados contra medidas anticrise adotadas pelo governo espanhol

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

Na manhã de ontem, a polícia da Catalunha expulsou à força os manifestantes acampados na praça Catalunha, no centro de Barcelona, deixando 121 feridos -37 deles policiais, segundo o diário "El País".
A operação tinha o objetivo declarado de limpar a praça e de eliminar possíveis objetos violentos, para evitar conflitos durante uma eventual celebração da conquista da Copa dos Campeões pelo Barcelona, em jogo hoje.
Contudo, acredita-se que a real intenção do governo catalão era a de desmobilizar o acampamento, pois houve destruição das barracas em que se organizavam em comissões temáticas e apreensão dos equipamentos de comunicação e informática.
A praça Catalunha foi apelidada de "praça dos indignados". Com inspiração nas recentes manifestações na praça Tahrir, no Egito, os jovens pedem mais empregos e "democracia real", além de criticar a corrupção.
O movimento tem sido chamado de 15M, em referência ao dia em que começou (15 de maio).
Com o auxílio das redes sociais, jovens divulgaram fotos e vídeos das ações policiais e convocaram os cidadãos à resistência pacífica.
Pressionada pela repercussão negativa das imagens de truculência na desocupação, a polícia liberou a praça no fim da manhã.
À tarde, manifestantes voltaram a circular pela praça.
Alguns com camisetas manchadas de sangue exibiam nelas a frase "resistência pacífica". Helicópteros da polícia sobrevoavam o local.
Um jovem, com uma bala não letal disparada pela polícia na mão e uma flor na outra, segurava um cartaz que dizia: "Suas armas são essas [referência à bala]; as nossas armas são as palavras".
Um "panelaço" em protesto à repressão policial foi convocado para a noite de ontem e reuniu estimadas 12 mil pessoas.
O clima do "panelaço" era festivo, com pessoas de variadas idades segurando flores e batucando em tambores, panelas, frigideiras e chaves, por mais de 40 minutos ininterruptos de barulho.
As roupas floridas e coloridas também ajudavam a remontar ao clima de Maio de 68. Os "panelaços" vinham ocorrendo diariamente desde que começou a ocupação da praça, há 13 dias. Contudo, nunca haviam reunido número tão grande de manifestantes.
Faixas espalhadas pela praça pediam "um mundo melhor, mais solidário e justo", alertavam que "O Barça é uma droga e domestica o povo" e ironizavam a ação policial: "Está muito limpo, obrigado", dizia uma delas.
O 15M promete seguir acampado pelo menos até amanhã.

O jornalista RODRIGO RUSSO viajou a convite da Academia da Latinidade


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