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AFEGANISTÃO
Passageiros de ônibus teriam sido assassinados por carregar registro de eleitor; organização prometeu sabotar pleito
Taliban mata 16 em ataque contra eleições
DA REDAÇÃO
Membros da milícia extremista
islâmica Taliban seqüestraram e
assassinaram 16 pessoas numa
Província do Afeganistão depois
de descobrir que elas haviam se
registrado para votar nas eleições
de setembro, anunciaram funcionários do governo afegão ontem.
O massacre, que ocorreu na sexta-feira na Província de Zabul, no
centro do país, é o mais grave ataque às eleições, que o Taliban e
seus aliados extremistas islâmicos
prometeram sabotar.
A notícia dos assassinatos surgiu um dia depois de uma bomba
lançada contra um ônibus ter matado duas jovens, uma delas estudante, contratadas pelo comitê
eleitoral do governo afegão e das
Nações Unidas para registrar eleitores na cidade de Jalalabad, no
leste do país.
A onda de violência a dois dias
da cúpula da Otan (aliança militar
ocidental), que começa hoje em
Istambul, reforça a pressão para que a organização cumpra a sua promessa de
proteger o pleito afegão.
Haji Obaidullah, chefe de polícia do distrito de Khas Uruzgan,
na Província de Uruzgan, disse
que os guerrilheiros pararam um
ônibus que levava 17 homens civis
na sexta-feira. Eles o levaram para
o distrito de Dai Chopan, na vizinha Província de Zabul, e mataram todos os ocupantes menos
um. O sobrevivente conta que
seus companheiros morreram
porque eram eleitores. "Eles foram aparentemente mortos porque carregavam registro de eleitores", afirmou.
Um porta-voz das Nações Unidas disse que a organização estava
ciente do incidente, que se encontra sob investigação.
O Taliban assumiu a responsabilidade pelas mortes das duas
mulheres em Jalalabad. O grupo
afirma que advertiu os afegãos
para não se envolver com as eleições, que, diz, apenas reforçarão o
governo pró-americano empossado após guerra no final de 2001
liderada pelos EUA ter deposto o
regime do Taliban por dar guarida à rede Al Qaeda e seu líder,
Osama Bin Laden.
O porta-voz do grupo Abdul Latif Hakimi também disse que os
guerrilheiros mataram 19 pessoas
capturadas em Uruzgan na sexta-feira, mas nega que elas fossem civis. "Seis delas pertenciam à comissão de eleições e 13 eram soldados do governo", afirmou.
O aumento da violência por
parte de grupos guerrilheiros levanta dúvidas quanto à possibilidade de as primeiras eleições do
país acontecerem em setembro.
Inicialmente, elas estavam previstas para junho, mas foram adiadas por causa da violência.
O representante especial da
ONU para o Afeganistão, Jean Arnault, disse que os ataques não retardariam o processo. Mas o porta-voz da ONU no país, Manoel
de Almeida e Silva, disse que os
ataques mostram a necessidade
de reforçar a segurança e repetiu o
apelo por reforços da Otan.
Em Istambul, a Otan deve anunciar que seus cerca de 6.400 homens vão assumir o comando de
mais grupos de reconstrução e
que mais 1.500 soldados serão enviados para o país -longe dos
5.000 soldados que o governo afegão e a ONU dizem que precisam.
Os ataques são mais um golpe
contra os esforços dos EUA para
estabilizar o Afeganistão, país que
o presidente George W. Bush descreveu como modelo para o Iraque. Analistas afirmam que Bush
está pressionando para que as
eleições afegãs ocorram em setembro, para que possa exibir um
êxito de sua política externa antes
das eleições presidenciais norte-americanas de novembro.
Com agências internacionais
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