São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Foco

"Seis estrelas, seis estrelas", celebram haitianos após o jogo do Brasil na Copa

ANDREA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE

O jogo está quase no final, quando Zé Roberto marca o gol que sacramenta o placar de 3x0 contra a seleção de Gana. É o sinal, em Porto Príncipe, capital do Haiti, para os festejos na rua. "Seis estrelas, seis estrelas", comemora a torcida visivelmente pró-Brasil na região central da cidade, próximo a sede do governo.
Em frente a um bar, o dono providenciou a alegria dos convivas: uma televisão de 29 polegadas movida a gerador, o suficiente para os presentes dançarem e cantarem a vitória do Brasil. Nas ruas de Porto Príncipe, Ronaldo e Ronaldinho são reis.
As tropas brasileiras que integram a força de paz da ONU observam a festa, atentas aos jornalistas que acompanham a visita do ministro Waldir Pires (Defesa) ao país. O Brasil tem o maior contingente e também o comando militar da missão.
Desempregado, o mecânico Gardy Jovin, 26, acha que Ronaldo é o melhor "porque tem mais técnica". Em 2004, Jovin esteve no jogo que a seleção brasileira disputou no Haiti. "Foi maravilhoso."
Com uma pulseira verde e amarela, o ex-militar -o Exército do Haiti foi dissolvido no governo de Jean-Bertrand Aristide- Naval Vernard, 43, saúda os brasileiros: "Bom Baguy, Brasil". Traduzindo: brasileiro, boa gente, frase comum ouvida pelas tropas nacionais.
Comum como o cumprimento, feito com o punho direito cerrado sobre o coração, é o pedido que surge depois: um emprego.
O jogo acaba. Ao lado da rua Champs de Mars, as tropas brasileiras que são responsáveis por proteger o palácio do qual o presidente René Préval governa o país também comemoram.
O quinto contingente mandado pelo Brasil ao Haiti é de nordestinos.
Na torcida, que assistiu ao jogo com transmissão em português, chama a atenção o sargento Lindolpho Barbosa, 29. Cearense, ele, que está há um mês no Haiti, acompanhou à partida com um típico chapéu de couro.
Para dar sorte? "Não. É porque é uma tradição mesmo", diz.


A repórter ANDREA MICHAEL viaja a convite do Ministério da Defesa

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