São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / A UNIÃO FAZ A FORÇA

Obama e Hillary fazem ato pela "unidade" democrata

Cidadezinha de Unity é palco do primeiro comício conjunto dos ex-adversários

"Os republicanos torceram para que não uníssemos forças. Mas tenho notícias para eles. Nós somos um partido", disse a senadora

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Trocando elogios, comentários ao pé do ouvido e combinando o azul do terninho dela ao da gravata dele, os ex-adversários democratas Hillary Clinton e Barack Obama subiram ontem juntos ao palco para dizer que agora lutam pela mesma missão: levar o Partido Democrata de volta à Casa Branca, com Obama presidente.
O encontro de ontem foi o primeiro em frente às câmeras, em Unity (New Hampshire), cidadezinha cheia de símbolos para esta eleição: 1) Seu nome significa "unidade" em inglês; 2) Está localizada no segundo Estado a promover eleições primárias; 3) O resultado curioso das prévias lá foi de 107 votos para Obama e 107 para Hillary.
Na noite anterior, os dois haviam discursado em Washington, em encontro fechado no qual ela o apresentou para alguns de seus grandes arrecadadores e contribuintes da campanha e ele doou US$ 2.300 -máximo valor permitido para um doador individual- para ajudá-la a cobrir a dívida adquirida por ela durante as primárias, cerca de US$ 22,5 milhões. A mulher de Obama, Michelle, doou outros US$ 2.300.
Em Unity, o candidato elogiou a ex-rival. "Ela arrasa", disse, após meses de trocas de acusações entre os dois, que terminaram quando ela reconheceu a derrota e logo depois os dois tiveram um encontro reservado, no qual não se sabe o que foi negociado.
Hillary exortou seus eleitores a votarem no colega democrata e declarou: "[O candidato John] McCain e os republicanos podem ter torcido para que não uníssemos forças dessa forma. Mas tenho notícias para eles. Somos um partido. Somos uma América. E nós não vamos descansar enquanto não tomarmos nosso país de volta".

Importância
O apoio da candidata é apontado como importante para que Obama não perca eleitores que votaram na rival nas primárias, especialmente grupos como latinos e mulheres brancas.
Alguns analistas, no entanto, minimizam o impacto da união sobre a decisão de voto. "Há muitos eleitores de Hillary dizendo que não pretendem votar em Obama. Isso é porque eles estão infelizes por ela ter perdido as primárias. Mas, no final, quem votou por Hillary votará em Obama. As propostas dos dois são muito parecidas", diz Jonathan Nagler, cientista político da Universidade de Nova York.
Nagler afirma, contudo, que a união do partido pode ter impacto positivo no comparecimento democrata às eleições, no dia 4 de novembro. "Como o voto nos EUA não é obrigatório, é claro que Hillary pode motivar o eleitor democrata a sair de casa para votar."


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