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ELEIÇÃO NOS EUA
Partido, que costuma ter o apoio da comunidade hispânica, aposta no peso dos imigrantes nos Estados indefinidos
Democratas lutam para manter voto latino
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON
A Convenção Nacional do Partido Democrata elegeu os latinos
que vivem nos EUA como um dos
seus principais alvos em 2004.
Discursos em espanhol, eventos
e reuniões especiais têm sido reservados aos latinos, considerados decisivos nesta eleição.
John Kerry tem propostas ambiciosas, mas ainda consideradas
vagas, para a América Latina e os
mais de 40 milhões de imigrantes
latinos e descendentes que vivem
nos EUA, como regularizar a situação de trabalhadores ilegais
"sem antecedentes penais", harmonizar políticas de imigração e
de segurança dentro do Nafta
(acordo que engloba os EUA, o
Canadá e o México) e apoiar líderes democraticamente eleitos.
Várias reuniões têm sido feitas
por líderes latinos, que vêem na
divisão do eleitorado americano
uma boa chance para arrancar de
Kerry propostas práticas.
Os latinos representarão 6,1%
do total dos eleitores em 2004 e serão pelo menos 1 milhão a mais
do que na eleição passada.
Os votos de cubanos conservadores em George W. Bush em
2000 foram cruciais para a vitória
do republicano na Flórida, Estado
que determinou o resultado da
eleição. Normalmente, porém, os
latinos tendem a preferir os democratas aos republicanos.
"Kerry tem propostas positivas
para nossa comunidade, mas ainda tem muito trabalho pela frente.
A agenda toda é ainda frouxa,
mas muito diferente da orientação de Bush contra os hispânicos", disse à Folha Hiram Monserrate, líder latino nos EUA.
Miguel Martinez, da Prefeitura
de Nova York, afirma que a cobrança prioritária diz respeito a
"planos claros" para a legalização
de imigrantes. Embora Bush tenha apresentado em janeiro um
ambicioso projeto para a regularização de ilegais, nenhuma medida prática foi tomada em 2004.
A atual política, para Martinez,
favorece só as grandes empresas,
que podem trazer imigrantes para
trabalhar nos EUA por prazos renováveis de três anos.
Pesquisas indicam que a eleição
deste ano será decidida em 19 Estados, onde cerca de 22% dos eleitores estão indecisos. Nove têm
grande concentração de latinos.
Desde a eleição de Ronald Reagan, em 1980, os republicanos que
obtiveram mais de 30% dos votos
latinos chegaram à Presidência.
Segundo pesquisa do "New
York Times", os republicanos têm
hoje, novamente, a preferência de
30% dos latinos -daí a atenção e
a pressa do partido de Kerry.
Ontem, os republicanos promoveram um evento paralelo em
Boston para defender o partido.
No palco da convenção, o outro
grande esforço foi o de apresentar
Kerry para os cerca de 20% dos
eleitores que o conhecem pouco,
segundo os cálculos democratas.
Os destaques foram a mulher de
Kerry, Teresa Heinz, e Ron Reagan, filho do "republicano histórico" Ronald Reagan, morto no
mês passado. Ron foi à convenção
defender o relaxamento de pesquisas com células-tronco para o
tratamento de doenças como Alzheimer, que acometeu seu pai.
Bush se opõe a essas pesquisas.
Kerry também foi objeto de
uma imensa exposição fotográfica em Boston.
11 de Setembro
Na Virgínia, buscando mostrar
que é forte o suficiente para comandar a guerra ao terror, Kerry
prometeu manter os EUA em segurança e estender em 18 meses o
trabalho da comissão parlamentar que investiga o 11 de Setembro,
que deve acabar em 26 de agosto.
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