São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Partido, que costuma ter o apoio da comunidade hispânica, aposta no peso dos imigrantes nos Estados indefinidos

Democratas lutam para manter voto latino

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

A Convenção Nacional do Partido Democrata elegeu os latinos que vivem nos EUA como um dos seus principais alvos em 2004.
Discursos em espanhol, eventos e reuniões especiais têm sido reservados aos latinos, considerados decisivos nesta eleição.
John Kerry tem propostas ambiciosas, mas ainda consideradas vagas, para a América Latina e os mais de 40 milhões de imigrantes latinos e descendentes que vivem nos EUA, como regularizar a situação de trabalhadores ilegais "sem antecedentes penais", harmonizar políticas de imigração e de segurança dentro do Nafta (acordo que engloba os EUA, o Canadá e o México) e apoiar líderes democraticamente eleitos.
Várias reuniões têm sido feitas por líderes latinos, que vêem na divisão do eleitorado americano uma boa chance para arrancar de Kerry propostas práticas.
Os latinos representarão 6,1% do total dos eleitores em 2004 e serão pelo menos 1 milhão a mais do que na eleição passada.
Os votos de cubanos conservadores em George W. Bush em 2000 foram cruciais para a vitória do republicano na Flórida, Estado que determinou o resultado da eleição. Normalmente, porém, os latinos tendem a preferir os democratas aos republicanos.
"Kerry tem propostas positivas para nossa comunidade, mas ainda tem muito trabalho pela frente. A agenda toda é ainda frouxa, mas muito diferente da orientação de Bush contra os hispânicos", disse à Folha Hiram Monserrate, líder latino nos EUA.
Miguel Martinez, da Prefeitura de Nova York, afirma que a cobrança prioritária diz respeito a "planos claros" para a legalização de imigrantes. Embora Bush tenha apresentado em janeiro um ambicioso projeto para a regularização de ilegais, nenhuma medida prática foi tomada em 2004.
A atual política, para Martinez, favorece só as grandes empresas, que podem trazer imigrantes para trabalhar nos EUA por prazos renováveis de três anos.
Pesquisas indicam que a eleição deste ano será decidida em 19 Estados, onde cerca de 22% dos eleitores estão indecisos. Nove têm grande concentração de latinos.
Desde a eleição de Ronald Reagan, em 1980, os republicanos que obtiveram mais de 30% dos votos latinos chegaram à Presidência.
Segundo pesquisa do "New York Times", os republicanos têm hoje, novamente, a preferência de 30% dos latinos -daí a atenção e a pressa do partido de Kerry.
Ontem, os republicanos promoveram um evento paralelo em Boston para defender o partido.
No palco da convenção, o outro grande esforço foi o de apresentar Kerry para os cerca de 20% dos eleitores que o conhecem pouco, segundo os cálculos democratas.
Os destaques foram a mulher de Kerry, Teresa Heinz, e Ron Reagan, filho do "republicano histórico" Ronald Reagan, morto no mês passado. Ron foi à convenção defender o relaxamento de pesquisas com células-tronco para o tratamento de doenças como Alzheimer, que acometeu seu pai. Bush se opõe a essas pesquisas.
Kerry também foi objeto de uma imensa exposição fotográfica em Boston.

11 de Setembro
Na Virgínia, buscando mostrar que é forte o suficiente para comandar a guerra ao terror, Kerry prometeu manter os EUA em segurança e estender em 18 meses o trabalho da comissão parlamentar que investiga o 11 de Setembro, que deve acabar em 26 de agosto.


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