São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMÉRICA LATINA

EUA e Paraguai negam existência de base

EUA utilizam bases militares para frear latino-americanos, diz Fidel

DA REDAÇÃO

Durante as comemorações do 52º aniversário do início da Revolução Cubana, o ditador Fidel Castro declarou ontem que os EUA estão criando um "dispositivo militar" intervencionista para "frear" o movimento político na América Latina.
Em discurso de quatro horas realizado no teatro Karl Marx, em Havana, Fidel afirmou que Wa- shington "anda buscando bases e criando dispositivos militares porque crê que pode frear a América Latina com armas" e "necessita de uma base contra os latino-americanos e contra qualquer processo político revolucionário na América Latina".
A afirmação foi feita em referência à recente aprovação, pelo Congresso do Paraguai, do envio de 13 missões militares americanas ao país até o final de 2006. Pelo acordo, os militares terão o direito de entrar no país com imunidade diplomática e sem ter de passar por controles aduaneiros.
As missões incluem atividades de assistência médica em áreas pobres e treinamento antiterrorista e antinarcotráfico.
A aprovação do acordo causou preocupação nos países vizinhos. Diversos jornais da região chegaram a publicar que os EUA estabeleceriam uma base militar permanente no Paraguai, com a chegada imediata de até 500 militares, o que foi negado pelas autoridades americanas e paraguaias.
"Que fazem ali? Por acaso há uma nova União Soviética ao lado do Paraguai? Para que querem uma base? Quem vão bombardear?", perguntou o ditador cubano à platéia de 5.000 pessoas.
Fidel enfatizou que essa política "reflete uma mentalidade intervencionista" e os propósitos americanos de "intervir na Bolívia quando necessário e de intervir inclusive no Brasil".
Trajando seu tradicional uniforme verde-oliva, Fidel -que completará 79 anos em duas semanas, 46 deles no poder- acusou Washington de alimentar a dissidência interna no país, à qual disse que "não irá tolerar provocações".
"A administração Bush encarna o mais repugnante e sinistro ódio contra um povo digno e heróico", disse. "Bush e sua máfia investiram mais de US$ 100 milhões para promover a subversão e a desestabilização dentro de Cuba."
O ditador disse ter informações sobre o financiamento dado pelo Escritório de Interesses dos EUA em Cuba à APSC (Assembléia para a Promoção da Sociedade Civil), cujos atos criticou severamente. "O povo revolucionário não permitirá que a oposição avance nem mais um milímetro."
A líder da APSC, Marta Beatriz Roque, e outros 30 dissidentes foram detidos na semana passada por organizarem um protesto em frente à Embaixada da França em Havana. Nove deles continuam detidos.
"Não cessaremos as manifestações nas ruas. Não pretendemos avançar um milímetro, e sim muito mais", reagiu Angel Polanco, porta-voz da APSC.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Justiça: França condena 62 por pedofilia
Próximo Texto: Panorâmica - Guerra sem limites: Terrorista da "véspera do milênio" pega 22 anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.