São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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EUA anunciam acordo nuclear com a Índia

País asiático não assinou Tratado de Não-Proliferação Nuclear; ação solapa retórica americana sobre Irã

DO "NEW YORK TIMES"

Três anos após o presidente George W. Bush pedir a adoção de normas globais para impedir que mais países produzissem combustível nuclear, os EUA abrirão uma exceção para a Índia, num derradeiro esforço para selar um acordo nuclear civil entre os dois países. "EUA e Índia chegaram a um marco histórico em sua parceria estratégica ao concluir as negociações sobre um acordo bilateral de cooperação nuclear pacífica", disse o Departamento de Estado em comunicado ontem. O anúncio se segue a mais de um ano de negociações. Até o acordo geral ser aprovado pelo Congresso, em 2006, uma lei proibia os EUA de venderem tecnologia nuclear civil à Índia, pois o país se negara a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Com a lei aprovada pelo Congresso, a transação foi liberada, mas a assistência nuclear pode ser suspensa caso a Índia volte a testar uma arma nuclear -o que, para muitos políticos indianos, fere a soberania de seu país.
Irã
Sob o novo acordo, Bush concordou em ir além dos termos do Congresso, prometendo ajudar a Índia a montar um repositório de combustível nuclear e a buscar fontes alternativas de combustível nuclear no caso de uma suspensão pelos EUA, desviando-se assim de alguns dos dispositivos previstos na lei. O tema é delicado, já que representantes dos EUA trabalham no Conselho de Segurança da ONU por sanções econômicas mais rígidas contra o Irã devido às tentativas desse país de enriquecer urânio. A Índia já tem armas nucleares e não assinou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear; o Irã assinou, e ainda não dispõe de armas nucleares. Embora a Índia provavelmente será proibida de usar em armas o combustível comprado dos EUA, a capacidade de reprocessar o combustível significa que outras fontes de combustível de que o país dispõe seriam liberadas para a ampliação do arsenal nuclear indiano. "Estamos criando dois pesos e duas medidas", disse o deputado democrata Edward Markey, de oposição. "Um conjunto de regras para os países de que gostamos e outro para aqueles dos quais não gostamos."


Tradução de CLARA ALLAIN


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