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Mais de cem pessoas morrem em conflito sectário na Nigéria
Choques entre policiais e militantes que querem a plena aplicação da lei islâmica no país ocorrem há dois dias
DA REDAÇÃO
Militantes de grupos radicais
que defendem a adoção mais
ampla da lei islâmica na Nigéria
realizaram ontem o segundo
dia seguido de ataques em três
cidades do nordeste do país,
deixando pelo menos cem mortos, segundo fontes policiais.
A onda de violência começou
anteontem, quando rebeldes
atacaram um distrito policial
na cidade de Bauchi.
Ontem, membros do grupo
islâmico Al-Sunna wal Jamma
deflagraram ataques em outras
três cidades da região, Maiduguri, Damaturu e Wudil, em
três Estados diferentes (Borno,
Yobe e Kano, respectivamente). Segundo a rede britânica
BBC, o total de mortos desde
domingo pode passar de 150.
A sharia já é aplicada desde
1999 em 12 Estados, todos no
norte do país, inclusive nos palcos das ofensivas. Mas autoridades nigerianas dizem que a
lei islâmica nunca foi implementada integralmente, e políticos usam a promessa como
forma de se promover.
O grupo radical ganhou notoriedade com uma onda de ataques semelhantes na véspera
de Ano-Novo de 2003. Outras
hostilidades foram feitas em
2004, mas pouco se ouviu falar
deles novamente desde então.
"A democracia e o atual sistema de educação precisam ser
mudados ou esta guerra, que
está para começar, vai continuar por muito tempo", disse
Ustaz Mohammed Yusuf, líder
do Al-Sunna wal Jamma.
Na semana passada a polícia
conduziu operações contra o
grupo islâmico. Armas foram
apreendidas, e nove militantes
foram presos. Sábado, em uma
das incursões, um líder dos rebeldes foi morto, o que, segundo a polícia, pode ter sido o estopim dos confrontos, que visaram as autoridades.
O país sofre com ataques de
grupos sectários desde 1999.
Naquele ano, o país passou a ter
um governo civil, depois de
anos de brutais ditaduras militares. Mais de 10 mil pessoas
morreram nos conflitos, apesar
de, nos últimos anos, os choques terem sido menos frequentes e menos violentos.
Cerca de 50% dos 150 milhões de habitantes da Nigéria
são muçulmanos, que se concentram principalmente no
norte do país -enquanto no sul
predominam os cristãos (40%
da população).
Com agências internacionais
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