São Paulo, terça-feira, 28 de julho de 2009

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Mais de cem pessoas morrem em conflito sectário na Nigéria

Choques entre policiais e militantes que querem a plena aplicação da lei islâmica no país ocorrem há dois dias

DA REDAÇÃO

Militantes de grupos radicais que defendem a adoção mais ampla da lei islâmica na Nigéria realizaram ontem o segundo dia seguido de ataques em três cidades do nordeste do país, deixando pelo menos cem mortos, segundo fontes policiais.
A onda de violência começou anteontem, quando rebeldes atacaram um distrito policial na cidade de Bauchi.
Ontem, membros do grupo islâmico Al-Sunna wal Jamma deflagraram ataques em outras três cidades da região, Maiduguri, Damaturu e Wudil, em três Estados diferentes (Borno, Yobe e Kano, respectivamente). Segundo a rede britânica BBC, o total de mortos desde domingo pode passar de 150.
A sharia já é aplicada desde 1999 em 12 Estados, todos no norte do país, inclusive nos palcos das ofensivas. Mas autoridades nigerianas dizem que a lei islâmica nunca foi implementada integralmente, e políticos usam a promessa como forma de se promover.
O grupo radical ganhou notoriedade com uma onda de ataques semelhantes na véspera de Ano-Novo de 2003. Outras hostilidades foram feitas em 2004, mas pouco se ouviu falar deles novamente desde então.
"A democracia e o atual sistema de educação precisam ser mudados ou esta guerra, que está para começar, vai continuar por muito tempo", disse Ustaz Mohammed Yusuf, líder do Al-Sunna wal Jamma.
Na semana passada a polícia conduziu operações contra o grupo islâmico. Armas foram apreendidas, e nove militantes foram presos. Sábado, em uma das incursões, um líder dos rebeldes foi morto, o que, segundo a polícia, pode ter sido o estopim dos confrontos, que visaram as autoridades.
O país sofre com ataques de grupos sectários desde 1999. Naquele ano, o país passou a ter um governo civil, depois de anos de brutais ditaduras militares. Mais de 10 mil pessoas morreram nos conflitos, apesar de, nos últimos anos, os choques terem sido menos frequentes e menos violentos.
Cerca de 50% dos 150 milhões de habitantes da Nigéria são muçulmanos, que se concentram principalmente no norte do país -enquanto no sul predominam os cristãos (40% da população).


Com agências internacionais


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