São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011

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Impasse nos EUA leva nervosismo aos investidores

Bolsas caem e custo de derivativos sobe com falta de perspectiva de acordo para elevar limite da dívida

Divergências agora existem mesmo dentro dos partidos; entre republicanos, há dúvida sobre corte

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Os EUA mergulharam na histeria a cinco dias de acabar o prazo para aumentar o limite de endividamento do governo federal.
A oposição implodiu em dissenso, a mídia se ocupou de análises catastrofistas e os mercados se preparam para possibilidade real de calote.
Até o início da semana, poucos acreditavam que os EUA chegassem ao ponto de deixar de pagar suas contas.
Embora uma solução de última hora não tenha deixado o horizonte --e alguns apontem uma sobra de caixa que deixaria o país com as contas em dia até o dia 10--, a visão se torna mais sombria com o Congresso enrolado num debate no qual não há consenso nem entre correligionários.
Se o limite de endividamento dos EUA não for ampliado pelo Congresso até terça, o governo pode ter de escolher entre um calote nos credores externos, não pagar benefícios a aposentados ou cortar repasses aos Estados.
Com o relógio correndo, as agências de classificação de risco se preparam para baixar a nota dos EUA, contaminando expectativas.
"Esse já é quase o consenso, e sabemos que o mercado de ações será afetado negativamente, assim como o dólar", disse à Folha Jan Loeys, estrategista global do banco JP Morgan.
Ele afirma que o impacto econômico do rebaixamento é mínimo, já que os investidores não têm alternativa aos títulos do Tesouro dos EUA.
"Mas se houver de fato um calote, o impacto será uma crise nos mercados financeiros que empurraria a economia de volta à recessão."
Os principais índices da Bolsa de Nova York --Dow Jones e S&P-- recuaram 3% na semana (e 1,6% e 2% no dia, respectivamente). O dólar caiu até ante o euro, outra moeda em crise, e em uma semana perdeu 0,78%.
Embora os números em si não sejam expressivos, há temor no mercado sobre o que acontecerá em agosto.
Sinal disso é a alta de 2% dos Credit Default Swaps --derivativos que estão na raiz da crise americana de 2008 e que servem como uma espécie de "seguro" do investidor contra calotes. Se os juros que eles pagam sobe, significa que o mercado está apostando no pior cenário.
Por fim, analistas temem o efeito político de um calote ou mesmo do rebaixamento.
"Só o rebaixamento já seria devastador, pois ele fragiliza o papel de liderança global dos EUA", disse à Folha Darrell West, que dirige o centro de estudos de governança na Brookings Institution, em Washington.
"Se não podemos lidar com uma questão tão básica como elevar nosso limite de endividamento, outros países vão concluir que eles não podem contar com os EUA em uma série de assuntos."


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