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Confisco cria nova tensão EUA-Venezuela
Apreensão de malotes diplomáticos americanos contendo equipamento militar intensifica guerra verbal
SIMON ROMERO
DO "NEW YORK TIMES"
Os governos dos Estados
Unidos e da Venezuela intensificaram sua guerra verbal depois que autoridades de alfândega confiscaram, na semana
passada, malotes diplomáticos
norte-americanos que continham equipamento militar.
Analistas afirmam que isso pode ser o prelúdio para uma piora nas relações entre os países.
O procurador-geral da Venezuela abriu uma investigação
na última sexta-feira para avaliar se a embaixada norte-americana violou leis aduaneiras ao
trazer os 20 malotes diplomáticas ao país.
Os malotes, entregues por
um avião de transporte militar
C-17, incluíam um ejetor de assento, aparentemente planejado para aviões de combate da
Venezuela, cargas explosivas e
em torno de 80 kg de frango
que não haviam passado pela
inspeção sanitária do país, segundo o ministro do Interior,
Jesse Chacon Escamillo.
O incidente ocorreu em meio
ao crescente desagrado do governo do presidente Hugo Chávez sobre a decisão dos Estados
Unidos de aumentar as operações de espionagem em relação
à Venezuela, com a criação neste mês de um cargo na inteligência para inspeção e análise
sobre Venezuela e Cuba.
Brian Penn, porta-voz da embaixada norte-americana em
Caracas, disse à mídia local, na
semana passada, que os malotes diplomáticos confiscados
na quinta-feira continham reposição de ejetor de assentos
para o Exército da Venezuela.
Os EUA proibiram a venda de
armas e equipamentos militares à Venezuela em maio, citando a falta de cooperação aos esforços antiterroristas, mas afirmaram que acordos já existentes seriam cumpridos.
Funcionários da embaixada
norte-americana não comentaram o caso no sábado. Edgar
Vasquez, porta-voz do Departamento de Estado em Washington, pediu uma explicação
imediata do incidente, questionando a investigação, que viola
o tratado internacional sobre
malotes diplomáticos.
A tensão entre os países tem
aumentado, com os Estados
Unidos criticando Chávez pelo
seu incessante empenho em estreitar laços com Irã e com Cuba. Chávez criticou os esforços
norte-americanos para frustrar
sua ambição de garantir um assento neste ano no Conselho de
Segurança da ONU.
Na semana passada, Chávez
disse que a Venezuela recebera
o apoio da China para sua entrada no órgão da ONU, após o
anúncio de um plano para aumentar a venda de petróleo
não-refinado para o país asiático. E acusou os EUA de barrarem a entrada da Venezuela no
órgão da ONU. "Os imperialistas americanos estão tentando
nos parar", disse Chávez.
Dados do Departamento de
Energia norte-americano mostram que a exportação de petróleo venezuelano para os
EUA caiu 6% nos primeiros
quatro meses deste ano, enquanto sua produção, de modo
geral, sofreu um declínio.
Analistas lembram que a Venezuela já usou a discussão sobre malotes diplomáticas como
pretexto para romper laços diplomáticos com outros países,
como a antiga União Soviética,
nos anos 50.
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