São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / POLÍTICA REGIONAL

Democrata vê Brasil como parceiro-chave, diz assessor

Daniel Restrepo, porém, não lembra de ter sido indagado por Obama sobre o país

Conselheiro, o principal do candidato para a América Latina, participa de fórum sobre negócios na região e cita vinda de presidenciável


DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DENVER

Após evento ontem sobre negócios com a América Latina, Daniel Restrepo, principal conselheiro de Barack Obama para a região, disse a jornalistas que o candidato democrata à Casa Branca vê no Brasil um "parceiro importante" e um exemplo na produção de biodiesel e na atuação militar no Haiti, onde lidera a missão de paz da ONU.
Contudo, indagado sobre o que Obama costuma lhe perguntar a respeito do país, Restrepo pensou por instantes e declarou: "Não me recordo de algo específico no momento".
No fórum organizado pelo Conselho Econômico Interamericano, ao qual compareceram embaixadores como o brasileiro Antonio Patriota, Restrepo foi questionado se os países latino-americanos são, de fato, prioridade na preparação do candidato à Casa Branca.
"Obama já esteve na América Latina?", indagou um participante. "Essa é a pergunta errada", rebateu Restrepo, dizendo que George W. Bush foi o presidente que "passou mais tempo" na região e que isso não se traduziu em vantagens. "Obama irá assim que for possível."
Restrepo é cotado para assumir uma embaixada na região se o democrata vencer. "Obama é guiado por um princípio muito simples: o que é bom para as Américas é bom para os Estados Unidos da América", disse.
Antes de discursar, Restrepo repetiu à Folha o que havia dito a embaixadores: o senador incluirá o Brasil em sua viagem latino-americana. "Dificilmente isso acontecerá antes da eleição. Mas Obama irá ao Brasil [se vencer John McCain]."
O assessor afirmou ainda que Obama, se presidente, pretende discutir com Brasília soluções para energia e aquecimento global. "É preciso uma conversa constante para tratar dos desafios nessas áreas."
Restrepo declarou que os EUA devem "assistir" os governos latinos "provendo material para segurança" e também que Obama está "comprometido com a reforma imigratória".
Segundo Frank Sanchez, outro conselheiro de Obama para política externa presente no fórum, o democrata "apoiará tratados de livre comércio futuros, desde que beneficiem as duas partes" -o candidato já se posicionou tanto contra como a favor de acordos do tipo.
Quanto às relações com Cuba, Restrepo reiterou o compromisso de Obama de facilitar a relação familiar dos imigrantes. O democrata defende o fim do limite de remessas à ilha (hoje cada cubano-americano só pode mandar pequenas quantias e apenas para parentes) e a restrição de visitas ao país (atualmente, apenas uma vez a cada três anos). "Essa política é desumana. Os psicólogos a chamariam de insana."


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