|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rússia reforça frota para se contrapor a americanos
Moscou alega "precaução" contra presença da Marinha dos EUA no mar Negro
Medvedev procura romper o
isolamento e busca apoio da
China e de ex-Repúblicas da
URSS à decisão que levou
ao parcelamento da Geórgia
DA REDAÇÃO
A Rússia reforçou ontem sua
frota no mar Negro, como "medida de precaução" para equilibrar a presença da Marinha
americana no litoral da Geórgia, afirmou Dmitri Peskov,
porta-voz do primeiro-ministro Vladimir Putin.
Ele disse esperar que não
ocorram confrontos, atitude,
aliás, compartilhada pelos Estados Unidos, que deslocaram
de Poti -porto georgiano sob
guarda militar russa- para Batumi, mais ao sul, a ancoragem
do navio Dallas, que transportou 34 toneladas de ajuda humanitária para a Geórgia.
Enquanto isso, o presidente
russo, Dmitri Medvedev, encontrou-se com o presidente da
China, Hu Jintao, relatando
sua decisão, tomada na véspera, de reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da
Abkházia, dois territórios que
pelas leis internacionais pertencem à Geórgia.
A China não deu sinais de seguir o exemplo russo, o que faria recair também sobre ela os
protestos que se abateram desde terça sobre Moscou. Em Pequim, a Chancelaria disse apenas "estar preocupada com os
últimos acontecimentos".
O governo chinês defendeu
"uma solução por meio do diálogo". O país é vulnerável em
razão do Tibete e da zona muçulmana de Xinjiang, que também querem a independência.
No último dia 7, a Geórgia
tentou retomar pela força a Ossétia do Sul, que era na prática
um protetorado russo sob acordo de 1992. A Rússia reagiu reforçando seu contingente em
solo sul-ossetiano e ainda penetrou na Geórgia, onde aparentemente ainda ocupa bem
mais que a zona-tampão de 10
km permitida pelo acordo de
cessar-fogo.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse ontem, com certo
bom humor, que seu país "não
torceria o braço" de quem não
reconhecesse os territórios.
Reunião
Medvedev está no Tadjiquistão para reunião da SCO (Organização de Cooperação de Xangai), grupo centro-asiático criado em 2001 como contrapeso à
Otan, a aliança militar ocidental. Além da China, integram-na Cazaquistão, Uzbequistão e
Quirguistão, ex-repúblicas soviéticas que Moscou espera que
reajam de modo ao menos
compreensivo a seu apoio às regiões separatistas da Geórgia.
Quanto à presença naval
americana no mar Negro, um
dos comandantes militares
russos, general Anatoli Nogovitsin, disse, segundo o "New
York Times", que seu país está
"assustado". Citou um tratado
de 1938 que limita o número e o
tempo de permanência no mar
de embarcações militares que
não pertençam à região.
Em Bruxelas, um porta-voz
da Otan, coronel Web Wright,
disse que oficialmente apenas
quatro navios da aliança estavam ontem no mar Negro -um
deles, o contratorpedeiro americano McFaul, chegou a ancorar em Batumi no domingo.
Também ontem multiplicaram-se declarações de cautela
quanto à adoção de sanções
econômicas e comerciais contra a Rússia. O "Monde" lembra
que o país é pouco vulnerável,
em razão dos US$ 600 bilhões
de reservas cambiais e do petróleo e gás que exporta.
Há uma centena de empresas
russas na Bolsa de Londres. O
máximo que poderia ocorrer,
diz o jornal, seria fiscalizá-las
mais intensamente.
Preocupação alemã
Na Alemanha, que exportou
para a Rússia no primeiro semestre 15,8 bilhões, Klaus
Mangold, da entidade empresarial BDI, declarou-se "preocupado" com possíveis retaliações, que afetariam o grupo
energético E.ON-Ruhrgas e a
montadora Volkswagen.
A Bolsa de Moscou chegou a
cair anteontem 6,1%, em razão
da iniciativa diplomática do
Kremlin, e o rublo se desvalorizou em 4% contra o dólar.
O ministro russo da Agricultura, Alexei Gordeiev, disse que
seu país reduziria a importação
de carne de frango e de porco,
que têm nos EUA o principal
fornecedor. Um dos dirigentes
americanos do setor, Jim Summer, disse "que é importante
separar economia de política".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Paraguai: Posse de antecessor no Senado causa problema a governo Lugo Próximo Texto: Sem aceitação nem recursos, Abkházia e Ossétia do Sul são inviáveis como países Índice
|