São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Justiça tailandesa manda deter manifestantes

Corte determina desocupação da sede do governo em Bancoc, tomada por protestos contra premiê

LUÍS FERRARI
EM BANCOC

A Justiça tailandesa emitiu ontem um mandado de prisão contra nove líderes dos protestos que pedem a renúncia do premiê, Samak Sundaravej, que na última terça-feira culminaram com a ocupação da sede do governo, em Bancoc. A Corte ordenou também que a polícia retirasse os estimados 4.000 pessoas que invadiram o local. Pelas ruas da capital, os manifestantes são cerca de 30 mil.
A APD (Aliança do Povo pela Democracia), organizadora dos protestos, acusa Sundaravej de representar no governo o ex-premiê Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 por um golpe militar e tornado inelegível até 2012 por abuso de poder e evasão de impostos. O atual mandatário, que assumiu em janeiro, descartou o uso de força contra os manifestantes.
A manifestação da APD, que já motivou queda de 23% na bolsa de valores tailandesa, pode não derrubar o governo, mas não pode ser acusada de pouco organizada. Ontem, às 23h, quando vencia o prazo estabelecido pelas autoridades para o fim do protesto, o clima na Casa do Governo, como é conhecido o palácio, era de tranqüilidade.
Os manifestantes, instalados ao redor do prédio, estavam sentados e eram abastecidos com água em intervalos regulares. Comida também era distribuída e vendida. A estrutura à disposição dos manifestantes tinha pelo menos quatro tendas médicas e cerca de uma dezena de telões espalhados também nas ruas em volta da Casa.
O acesso ao prédio ocupado era livre. Qualquer um passava por seus portões após uma checagem de guardas credenciados pelo movimento, a maioria com tacos de golfe e de beisebol e sem exibição ostensiva de armas de fogo. À parte as pessoas vestidas de amarelo e os carros de som, o prédio estava exatamente como antes da ação. A fachada não tinha marcas, e os vidros estavam intactos.
Nos pontos turísticos da capital tailandesa, só os estrangeiros que leram os jornais aparentavam saber que o país vive uma agitação política. "Passamos pelo local do protesto. Não era nada demais. Não senti a menor insegurança", afirmou a funcionária pública norte-americana Frances Johnson.
Segundo Don Sambamdaraksec, repórter do "Bancoc Post", a sociedade tailandesa não fica alarmada em eventos desta natureza. "Há dois anos, quando houve o golpe de Estado, lembro de ter visto gente nas ruas rindo e tirando foto ao lado dos militares", narrou ele.

Com agências internacionais



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