São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DISCURSO DA NOITE

Obama está pronto para ser presidente, declara Bill Clinton

Depois de rumores de que estaria ressentido com a derrota da mulher, ex-presidente oferece apoio inequívoco a candidato

Discurso, que abordou de segurança nacional até economia e erosão do poder de influência americano, foi o mais aplaudido até ontem


DO ENVIADO A DENVER

Mais generoso, melhor soldado do partido e com um entendimento mais profundo da vida política norte-americana do que o de sua mulher, Bill Clinton declarou ontem em público seu apoio total e irrestrito à candidatura de Barack Obama. O senador democrata, disse o ex-presidente (1993-2001), "está pronto para ser o presidente dos Estados Unidos".
A frase tem peso dobrado, porque sai da boca de um estadista com níveis históricos de aprovação que, até ontem, era um crítico constante do jovem candidato, e porque não apareceu no discurso de Hillary Clinton, na noite anterior.
A inexperiência de Obama e sua pouca idade -47 anos completados neste mês- são duas das principais armas de que o republicano John McCain se vale para atacar seu oponente.
Barack Obama "está pronto para liderar os EUA e restaurar a liderança norte-americana no mundo", disse Bill Clinton, no discurso mais aplaudido da Convenção Nacional Democrata até agora -quatro minutos de ovação em pé, no Pepsi Center, em Denver (Colorado). "É o homem para esse cargo", "é a encarnação do século 21 do sonho americano".
Mais adiante, citaria seu próprio caso como exemplo. Dezesseis anos antes, lembrou, "os republicanos disseram que eu era muito novo e inexperiente para ser comandante-chefe. Soa familiar?", perguntou o ex-presidente, que foi eleito aos 46 anos.
"Não funcionou em 1992, porque estávamos do lado certo da história. E não vai funcionar em 2008."
Bill Clinton não deixou margem às dúvidas que cercavam seu apoio até agora e que o próprio líder democrata ajudava a alimentar. Se vai seguir na rua o que pregou no palco é outra história, e as próximas semanas vão mostrar. Mas ontem ele foi enfático, e pareceu convencer um público até então cindido, pronto para duvidar.
O ex-presidente citou sua mulher, que o aplaudia da platéia, ao lado da filha do casal, Chelsea. Outra presença importante era da mulher de Obama, Michelle. "Essa campanha gerou tanto calor que contribuiu para o aquecimento global", brincou. "No final, minha candidata não venceu."
O ex-presidente deveria falar de segurança nacional e política externa, e assim fez. Disse que a posição do país tinha sido enfraquecida depois de oito anos de "unilateralismo e pouca cooperação" e a "falta do uso coerente do poder da diplomacia, do Oriente Médio à África, da América Latina à Europa Central e do Leste".
Mas Bill Clinton sendo Bill Clinton, ele encaixou os feitos econômicos de sua gestão, como desejava desde o começo. Terminou fazendo um trocadilho com "hope", esperança, o lema da campanha de Obama, e "Hope", a cidade do Arkansas onde o ex-presidente nasceu. "E os EUA sempre precisarão ser um lugar chamado Hope."
(SÉRGIO DÁVILA)



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