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Narcocartéis espalham terror no México
Atentados seriam resposta de traficantes ao governo, quatro dias após o massacre de 72 imigrantes ilegais
Agente público que investigava as mortes dos 72 imigrantes está desaparecido, informou o presidente Calderón
Henry Romero/Reuters
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Destroços de explosão que provocou danos materiais na emissora Televisa, numa aparente tentativa dos cartéis de intimidar a imprensa no México
GABRIELA MANZINI
ENVIADA ESPECIAL A MATAMOROS
Em atos mais afeitos a grupos terroristas, o narcotráfico
mexicano respondeu com
carros-bomba, novas chacinas e o desaparecimento de
um promotor à pressão do
governo pelo massacre de 72
imigrantes ilegais, na última
segunda-feira.
Dois carros-bomba explodiram ontem em Ciudad Victoria -capital do Estado de
Tamaulipas, o mesmo de San
Fernando, onde foram encontrados os corpos. Um deles provocou danos materiais
na sede local da emissora Televisa, a maior do país.
O episódio foi interpretado
como uma tentativa de intimidar a mídia local.
Segundo o presidente mexicano, Felipe Calderón, o
promotor Roberto Jaime Suárez, que investigava o massacre de San Fernando, está desaparecido há dois dias.
Ele chegou a ser declarado
morto, após dois corpos terem sido encontrados em
uma estrada, mas depois a
notícia foi desmentida por
Calderón.
Também ontem, foram encontrados mais oito corpos
em Ciudad Juárez e 14 em diferentes lugares de Acapulco
-alguns, segundo a polícia,
vendados e cobertos por um
papelão com mensagens intimidatórias (não divulgadas)
a cartéis de drogas rivais.
Calderón admitiu que a
narcoviolência tende a aumentar: "A única maneira de
detê-los [traficantes] é com a
força pública, o que vai trazer, ao menos no curto prazo,
também violência".
VÍTIMAS
Até ontem, as autoridades
informaram ter identificado
31 dos 72 imigrantes -um
brasileiro (de identidade não
divulgada), 14 hondurenhos,
12 salvadorenhos e quatro
guatemaltecos.
Investigadores sob forte
proteção policial estão comandando a apuração.
A chacina, uma das maiores já registradas na guerra
do tráfico do país, é atribuída
ao cartel Zetas, segundo relatos do único sobrevivente da
tragédia, o equatoriano
Freddy Lala Pomavilla.
A suspeita é que os imigrantes, que tentavam cruzar
a fronteira para os EUA, morreram por terem se recusado
a trabalhar para o cartel.
Mas um parente de um dos
guatemaltecos mortos disse
ter recebido, no fim de semana, telefonema com pedidos
de resgate.
Pomavilla permanecia internado ontem, com ferimentos à bala na garganta. O presidente do Equador, Rafael
Correa, disse que quer "trazê-lo de volta ao país o mais rápido possível".
A chacina de imigrantes
recebeu condenações da
ONU e da OEA (Organização
dos Estados Americanos).
Desde 2006, quando Calderón intensificou o combate
ao tráfico, 28 mil pessoas
morreram no país em episódios de narcoviolência.
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