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Socialismo do século 21 é cópia "chata", diz Aznar
Em SP, ex-premiê espanhol defende modelo liberal
FÁBIO CHIOSSI
DA REDAÇÃO
"Isso que alguns apresentam
como o socialismo do século 21
é o mesmo que o socialismo do
século 20, só que mais chato."
A crítica velada ao presidente
da Venezuela, Hugo Chávez,
partiu do ex-premiê da Espanha José María Aznar. Em uma
conferência da qual participou
ontem, em São Paulo, a convite
do Bladex, Banco Latino-Americano de Exportação, Aznar
afirmou que "não é disso que a
América Latina necessita".
Definindo-se como um liberal, o ex-premiê conservador
do Partido Popular espanhol,
embora não tenha desenvolvido a crítica pela perspectiva da
análise política, deixou claras
as diferenças que tem com os
modelos de inspiração socialista do ponto de vista econômico.
Aznar, que governou a Espanha por dois mandatos consecutivos, de 1996 a 2004, defendeu o liberalismo como o melhor modelo de desenvolvimento econômico, em contrapartida aos adotados pelos regimes de esquerda, que tachou de
populistas. "Não creio no protecionismo; não creio nos entraves econômicos", afirmou.
O espanhol expandiu sua crítica também aos gastos sociais
dos governos europeus comprometidos com Estado do
Bem-Estar Social, dizendo que
o modelo econômico de "alguns países do Ocidente [da
Europa] não funciona", pois,
avalia, têm altos encargos sociais. Diferentemente de "alguns países do Leste Europeu,
com economias mais flexíveis".
Ele não especificou de quais
países tratava.
O ex-premiê, que tem no currículo a promoção de um crescimento econômico de quase
4% ao ano à frente do governo
espanhol, além do apoio à invasão do Iraque pelos EUA, deu a
entender que o liberalismo precisa de instituições fortes para
funcionar, as quais garantam
"contratos que se cumpram".
Tanto que apontou como um
dos principais entraves ao desenvolvimento econômico as
crises políticas e institucionais.
O desenvolvimento é impedido, disse, "quando o povo de um
país deixa de acreditar nele".
Pelo discurso de Aznar pode-se arriscar a dedução de que,
entre as forças políticas que ele
qualificou de populistas e agentes do "retrocesso", estão as do
governo do atual premiê da Espanha, o social-democrata José
Luis Rodríguez Zapatero.
O Brasil a China
Falou também no evento de
ontem o economista e colunista da Folha Antonio Delfim
Netto. Munido de gráficos, o
ex-ministro e ex-deputado federal falou da importância das
exportações para o desenvolvimento econômico, via estímulo
das importações. E apresentou
a China como um exemplo de
nação que soube aplicar esses
fundamentos, em contrapartida ao Brasil, onde, disse, o câmbio é mantido supervalorizado
como forma acessória de contenção da inflação.
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