São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Socialismo do século 21 é cópia "chata", diz Aznar

Em SP, ex-premiê espanhol defende modelo liberal

FÁBIO CHIOSSI
DA REDAÇÃO

"Isso que alguns apresentam como o socialismo do século 21 é o mesmo que o socialismo do século 20, só que mais chato."
A crítica velada ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, partiu do ex-premiê da Espanha José María Aznar. Em uma conferência da qual participou ontem, em São Paulo, a convite do Bladex, Banco Latino-Americano de Exportação, Aznar afirmou que "não é disso que a América Latina necessita".
Definindo-se como um liberal, o ex-premiê conservador do Partido Popular espanhol, embora não tenha desenvolvido a crítica pela perspectiva da análise política, deixou claras as diferenças que tem com os modelos de inspiração socialista do ponto de vista econômico.
Aznar, que governou a Espanha por dois mandatos consecutivos, de 1996 a 2004, defendeu o liberalismo como o melhor modelo de desenvolvimento econômico, em contrapartida aos adotados pelos regimes de esquerda, que tachou de populistas. "Não creio no protecionismo; não creio nos entraves econômicos", afirmou.
O espanhol expandiu sua crítica também aos gastos sociais dos governos europeus comprometidos com Estado do Bem-Estar Social, dizendo que o modelo econômico de "alguns países do Ocidente [da Europa] não funciona", pois, avalia, têm altos encargos sociais. Diferentemente de "alguns países do Leste Europeu, com economias mais flexíveis". Ele não especificou de quais países tratava.
O ex-premiê, que tem no currículo a promoção de um crescimento econômico de quase 4% ao ano à frente do governo espanhol, além do apoio à invasão do Iraque pelos EUA, deu a entender que o liberalismo precisa de instituições fortes para funcionar, as quais garantam "contratos que se cumpram".
Tanto que apontou como um dos principais entraves ao desenvolvimento econômico as crises políticas e institucionais. O desenvolvimento é impedido, disse, "quando o povo de um país deixa de acreditar nele".
Pelo discurso de Aznar pode-se arriscar a dedução de que, entre as forças políticas que ele qualificou de populistas e agentes do "retrocesso", estão as do governo do atual premiê da Espanha, o social-democrata José Luis Rodríguez Zapatero.

O Brasil a China
Falou também no evento de ontem o economista e colunista da Folha Antonio Delfim Netto. Munido de gráficos, o ex-ministro e ex-deputado federal falou da importância das exportações para o desenvolvimento econômico, via estímulo das importações. E apresentou a China como um exemplo de nação que soube aplicar esses fundamentos, em contrapartida ao Brasil, onde, disse, o câmbio é mantido supervalorizado como forma acessória de contenção da inflação.


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